Vale Tudo está atualmente sendo exibida no horário das 21h da TV Globo e além da trama, algo vem chamando a atenção do público, a quantidade de cenas em que vemos Tia Celina (Malu Galli) lendo. Pensando nisso, separamos uma lista com alguns dos títulos que já foram folheados pela personagem.
As Intermitências da Morte
Depois de séculos sendo temida e rejeitada, a morte decide pendurar a foice e abandonar seu ofício. À primeira vista, o acontecimento soa como uma bênção: ninguém mais morre, e o país inteiro comemora a conquista da vida eterna. Mas o que parece um milagre logo se revela um pesadelo. Idosos e doentes agonizam sem poder descansar, hospitais e asilos entram em colapso, funerárias e companhias de seguros entram em crise, enquanto o governo e a Igreja se veem diante de dilemas inéditos — afinal, sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há fé.

Em As intermitências da morte, José Saramago transforma a própria morte em protagonista e, com ironia e amargura, revela como a finitude humana sustenta as estruturas sociais, religiosas e políticas. O romance mostra que, na ausência da morte, a vida perde sentido, expondo as contradições e fragilidades da existência.
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A Mulher Desiludida
Três mulheres, três trajetórias atravessadas pelo tempo e pelas contradições da vida. Em A Mulher Desiludida (1967), Simone de Beauvoir nos conduz por histórias intensas de personagens maduras que enfrentam diferentes formas de desencanto. Uma intelectual bem-sucedida, mas distante da própria família; outra, marcada por casamentos fracassados e pela perda da filha, mergulhada em solidão e ressentimentos; e Monique, que ao descobrir a traição do marido vê desmoronar a identidade que havia construído.

Com delicadeza e rigor filosófico, Beauvoir transforma experiências íntimas em reflexões universais sobre a condição feminina. São narrativas curtas, mas de grande impacto, que revelam tanto a força criadora da autora quanto a atualidade de suas inquietações. Uma obra que transcende épocas, convidando à imersão na complexidade do ser mulher e no eterno confronto entre amor, liberdade e identidade.
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Quatro Estações em Roma
Em Quatro Estações em Roma, Anthony Doerr compartilha as memórias do ano que passou na cidade italiana com a esposa e os gêmeos recém-nascidos, após receber o Rome Prize da Academia Americana de Artes e Letras. O prêmio incluiu ajuda de custo, um apartamento e um estúdio, oferecendo ao autor a oportunidade de escrever em um cenário completamente novo.

Vindo do interior dos Estados Unidos, Doerr se depara com pequenas estranhezas culturais: a cozinha sem forno, janelas sem telas, frutas e verduras vendidas em feiras ao ar livre e contrastes inusitados entre construções comuns e obras-primas arquitetônicas. Enquanto lida com a rotina da maternidade e paternidade, enfrenta insônia e tenta escrever, o autor transforma seu cotidiano em reflexões sensíveis sobre família, criação e inspiração literária.
Destinos e Fúrias
Toda história tem dois lados. Todo casamento, duas versões. Às vezes, o que sustenta uma união não são apenas verdades, mas também segredos. Em Destinos e fúrias, acompanhamos Lotto e Mathilde, que se casam ainda jovens e mergulham em uma vida feita de amor intenso, desafios financeiros e sonhos de grandeza. Com o tempo, ele se torna um dramaturgo aclamado, enquanto ela dedica sua vida ao sucesso do marido. Aos olhos de todos, formam o casal perfeito — um exemplo de parceria e realização.

Mas por trás da superfície brilhante, a narrativa revela camadas ocultas. Se em “Destinos” vemos a versão luminosa da história, em “Fúrias” emergem as sombras de Mathilde, sua raiva, suas dores e segredos. O romance transforma a ideia de casamento em um jogo de perspectivas, onde amor, poder e ambição se entrelaçam em conflitos inevitáveis.
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A Amiga Genial
Em A amiga genial, Elena Ferrante dá início à saga que acompanha duas mulheres ao longo de toda a vida. Narrado por Elena Greco, o romance cobre da infância à adolescência, revelando a intensidade da amizade com Raffaella Cerullo, a enigmática Lila.
Nos anos 1950, em um bairro pobre de Nápoles marcado pela violência, pelo medo e pela dureza da vida cotidiana, as duas meninas encontram uma na outra tanto rivalidade quanto cumplicidade. Elena, aplicada nos estudos, vê na educação a chance de escapar do destino de suas mães — mulheres exaustas, presas à pobreza e a famílias numerosas. Lila, brilhante e indomável, exerce sobre a amiga uma atração irresistível, mas não recebe da família o mesmo incentivo para estudar.

Juntas, sonham com um futuro diferente, longe das limitações do bairro. Porém, ao fim da escola primária, suas trajetórias começam a se separar: Elena segue no caminho acadêmico, enquanto Lila se vê privada dessa possibilidade. Assim, Ferrante constrói um retrato poderoso da amizade feminina, atravessada por afeto, competição e pelo desejo de transformação em um mundo hostil.
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Becos da Memória
Romance de caráter memorialista e ficcional da escritora Conceição Evaristo, retrata o cotidiano de uma comunidade da favela e as dores impostas pelo processo de desfavelamento. A narrativa dá voz às experiências de exclusão, resistência e sobrevivência vividas por seus moradores.

A protagonista, Maria Nova, funciona como alter ego da própria autora em sua infância. Atenta observadora, a menina cresce entre relatos e vivências de sua vizinhança, acumulando histórias marcadas por violência, morte, exploração e perda. Ao longo da obra, seu olhar amadurece à medida que escuta narrativas sobre abusos físicos e sexuais, violência policial, a venda de filhos como recurso de sobrevivência e as dores provocadas pelas traições.
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Bônus:
Além de Celina, seus sobrinhos Heleninha e Afonso também têm o hábito da leitura e, em algumas cenas, já foram vistos folheando alguns livros, veja:
A Elegância do Ouriço
Um prédio elegante no centro de Paris; uma zeladora ranzinza e culta; uma adolescente inteligente e cínica; e um senhor japonês misterioso. Com esses personagens, Muriel Barbery conquistou leitores com A elegância do ouriço, sucesso literário de 2006 na França.
Renée, a zeladora, esconde seu amor pelas artes e pela literatura atrás de uma fachada comum, enquanto Paloma, jovem observadora da família rica onde mora, registra em diários suas reflexões filosóficas e críticas à mediocridade ao redor. Aos poucos, suas vozes paralelas se entrelaçam, misturando humor, poesia, filosofia e críticas sociais.

Quando o bem-humorado Kakuro Ozu se muda para o prédio, sua presença transforma a vida das duas, ajudando-as a lidar com os espinhos do mundo e revelando que a verdadeira elegância está na profundidade do olhar sobre a vida.
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Gente Independente
Um dos maiores épicos da literatura islandesa, Gente independente narra a saga de Gudhbjartur Jonsson, um camponês que, após dezoito anos de trabalho servil, conquista a própria terra e se torna proprietário da Casa Estival. Ao lado da esposa Rósa, ele enfrenta lendas locais sobre fantasmas e assombrações, mas permanece firme em seu desejo de independência.

A vida prova-se dura: Rósa morre ao dar à luz uma filha de paternidade incerta, e Jonsson precisa superar a viuvez precoce, crises financeiras e as intempéries do clima islandês. Sua determinação rude só começa a ceder diante de Ásta Sóllilja, a suposta filha do primeiro casamento, cuja presença desafia os paradigmas do homem que construiu sua liberdade com esforço e obstinação.
Até o momento da escrita deste texto o livro está indisponível na Amazon.