Exterminador do Futuro Zero é um anime criado por Mattson Tomlin, com produção executiva da Sky Dance e animada pelo estúdio Production I.G, lançado dia 29 de agosto pela Netflix. Ao todo, conta com 8 episódios, cada um com aproximadamente 30 minutos de duração. O anime faz parte do universo da franquia de Exterminador do Futuro, mas contando uma nova história, sem ligação direta com os personagens clássicos.
A jornada irá acompanhar a história de Eiko, uma viajante no tempo que sai de 2022 para 1997, com o objetivo de encontrar Malcom Lee e impedir o desenvolvimento da inteligência artificial Kokoro, que aqui é uma novidade vital na luta entre os humanos e a Skynet. Enquanto isso, tradicionalmente temos também a viagem de um Exterminador para o passado, com o objetivo de se aproximar da família de Malcom e usá-la como chantagem para se conectar com Kokoro.
Primeiramente, acho muito acertada a decisão de continuarem a franquia em outra mídia, porque além de abrir novas possibilidades para serem exploradas, é um respiro para os filmes, que apesar dos dois primeiros serem considerados um dos principais clássicos nos gêneros de ação e ficção científica, os que vieram depois nunca conseguiram ter o impacto ou a qualidade dos originais de James Cameron.
No entanto, quando você abre essa novo ramo para desenvolver um universo, é necessário que ele tenha uma justificativa para sua existência, com novos elementos que acrescentem à linha principal, ou uma história marcante.
Em relação aos novos elementos, é possível dizer que Exterminador do Futuro Zero tenta trazê-los, e a “personagem” de Kokoro é um dos pontos altos do anime, tanto em seu design (que possui quatro variações) como na atualização das temáticas propostas, e o que antes era a preocupação com os impactos da tecnologia, agora apresenta o uso das IAs em contato com a humanidade e suas possíveis consequências.
No entanto, não parece ser algo que agora se mostra indispensável para a franquia. Pelo contrário, parece apenas que houve menos destaque para a Skynet nessa produção, e Kokoro assumiu seu lugar, mas ocupando praticamente os mesmos espaços na narrativa. Agora, em relação à “história marcante” é onde Exterminador do Futuro Zero mais peca. Não que seja uma história ruim, mas algumas decisões de roteiro podem ser consideradas bem questionáveis, e a que mais incomoda é a escolha de diferentes núcleos narrativos.
Apesar de Eiko ser a protagonista, a trama é desnecessariamente dividida entre os núcleos de Eiko, do Exterminador, do Malcolm Lee e sua familía separadamente (o próprio núcleo da família é fragmentado, pois nele há a governanta Misaki, e os três filhos de Malcom, Kenta, Hiro e Reika, que se desencontram várias vezes). Isso faz com que nenhum núcleo narrativo seja adequadamente desenvolvido, causando uma dificuldade para criar maiores conexões com os personagens e uma confusão em relação à trama principal de fato.
Esse problema é tão visível no anime que além da constante mudança de objetivos, há algumas revelações que poderiam ser inseridas ao longo da trama, mas ao invés disso, são deixadas para os últimos momentos da primeira temporada, o que até faz sentido para dar ganchos para uma continuação, mas foram reveladas quase que gratuitamente, sem uma elaboração, como a escolha de Eiko para viajar no tempo, uma dúvida proposta no primeiro episódio, ou o “real” motivo do Exterminador voltar ao passado.
Exterminador do Futuro Zero é um novo caminho para que a franquia possa respirar e explorar possibilidades. Mas para isso ser feito, é necessário que um norte seja definido, principalmente a hierarquia de histórias apresentadas e os personagens que devem ser mais desenvolvidos. Apesar de contar com bons elementos, uma nova forma de organização será necessária para que esses erros não se repitam em uma segunda temporada.