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Checkpoint: A Plague Tale: Innocence, uma aula de ressignificação

Checkpoint é uma coluna quinzenal que analisa diferentes franquias do universo dos jogos. A franquia examinada da quinzena com seus quatro jogos será A Plague Tale.

A Plague Tale: Innocence é um dos jogos mais recentes da Asobo Studio, um dos maiores estúdios de desenvolimentos de jogos franceses com uma longa história no mercado desde clássicos do PlayStation 2 como Ratatouile. Nesta nova obra, a ideia é trabalhar com a ressignificação de um dos mais importantes acontecimentos na história da humanidade, enquanto desenvolve a íntima história dos irmãos De Rune.

O obra propõe um jogo que mistura elementos stealth com puzzle a fim de movimentar a história da campanha. Apresentando uma curta duração, o objetivo do jogo é salvar Hugo, o irmão mais novo de Amícia, a protagonista, das garras da mácula e da inquisição. O processo de fuga e posteriormente de perseguição é o que forra boa parte do enredo, estes cercados pelos elementos citados acima.

Em relação à história, esta trabalha em um contexto onde o principal núcleo é a questão sanguínea. É através dela que a ressignificação da peste negra é feita por meio da mácula, já que esta está no sangue do pequeno Hugo. Também é através dela que a dinâmica de parentesco entre Amícia e Hugo é trabalhada como subnúcleo intimista da obra. É através da mácula que os acontecimentos fatídicos ocorrem com a família De Rune, junto à perseguição da Inquisição. Estes acontecimentos culminam na necessidade de aproximação dos irmãos, que praticamente não tiveram contato durante toda a vida. Esta aproximação, em meio ao turbilhão de acontecimentos, torna-se ainda mais sensível e complicada. As problemáticas partem de um só lugar: a relação sanguínea de Hugo. Por isso, os meandros criados são, de certa forma, fáceis de serem conectados. Apesar de fáceis, não é possível desconsiderar a maestria na construção da narrativa e do game design neste aspecto da obra.

A ressignificação é um elemento interessante na medida que ela funciona para além do enredo. A mácula, ressignificada como a nova peste negra, é o inimigo principal dos protagonistas, ela se apresenta como inimigo na medida que é necessário evitá-los a todo momento, dado o elemento pútrefato que a segue junto a agressividade dos ratos. Além disso, é pela sua existência que a Inquisição persegue a dupla de irmãos. As motivações da existência da mácula, da necessidade da fuga e a perseguição da inquisão são bem embasadas no enredo, sendo facilmente críveis pelos jogadores que a experenciam. A ressignificação para além do enredo, narrativa e jogabilidade é um elemento importante no contexo histórico, um dos maiores acontecimentos que assolaram a europa na idade Média é reintroduzido com aspectos místicos e sobrenaturais para criar uma história incrível.

A mácula apresenta um antagonismo claro, quase maniqueísta. Essa maldição representa o mal, trazendo trevas, morte, putrefação e, em última instância, é representada pela horda de ratos. Seu oposto é a luz, o fogo; logo, toda fonte de chama é capaz de proteger os irmãos, e o foco dos ratos é destruir qualquer fonte de luz. Este é um elemento para além de filosófico e cultural, é um elemento mecânico na obra. A mecânica funciona a partir da necessidade desviar dos ratos ao acender as diferentes fontes de luz ao longo da jornada e ao final da obra ao controlar ele com o poder de Hugo. Clichê? Sim, mas bem utilizado e embasado.

Ainda sobre as mecânicas, tanto os elementos de stealth como os de puzzle sofrem um processo de aumento de complexidade necessário para este tipo de obra. Através da alquimia, habilidade que Amícia herda de sua mãe, é possível descobrir novas maneiras de resolver os puzzles e escapar dos inimigos escondendo-se. As diferentes fórmulas aprendidas permitem a evolução dos obstáculos, necessária para que a obra não permaneça na mesmice e abranja novos horizontes ao seu decorrer. É preciso instigar e apresentar novas coisas ao jogador até o final.

No que diz respeito à ambientação, o cenário da França em 1348 é bem representado com um cenário típico do final da Idade Média. As contradições, peculiaridades e situações deste momento histórico são bem representadas. Um bom trabalho do experiente estúdio francês.

A construção de personagens é um trabalho fantástico por parte do Asobo Studio. Os irmãos, separados desde sempre, pois a doença de Hugo necessitava que o garoto ficasse isolado do mundo, inclusive da irmã. A necessidade repentina de aproximação adiciona uma carga emocional gigante à mentalidade de ambos, já fragilizados após os acontecimentos trágicos que caíram sobre sua família. Hugo, com apenas 5 anos de idade, e Amícia, uma pré-adolescente, precisam lidar com algo gigantesco e ancestral, ao tempo que necessitam cooperar, entender um ao outro e se protegerem. Os empecilhos ocorrem e auxiliam nesta construção gradual e cadenciada da relação de irmandade e amor.

A Plague Tale: Innocence consegue, por muitas vezes, despertar certos sentimentos. A obra é extremamente angustiante na medida em que ocorre o turbilhão de acontecimentos na vida dos irmãos De Rune. Em pouco tempo, ocorre a perda da casa, dos pais e de toda a vida de nobre que ambos tinham até então. A necessidade repentina de enfrentar a mácula e fugir da Inquisição não abre espaço para nada além de tensão e angústia. Uma obra de arte precisa despertar sentimentos nos seus jogadores, e o jogo, ao propor sua gameplay, consegue fazer isso com maestria.

Concluindo, A Plague Tale: Innocence é uma obra incrível no que se propõe a ser. O jogo não traz nada novo em seu gênero, mas consegue entregar uma história cativante e épica, cheia de sentimentos. A jogabilidade que movimenta o enredo é divertida e proporciona uma tensão ideal para o gênero de stealth. O combate, quando ocorre, é realista na medida em que emula as possibilidades de combate de uma garota pré-adolescente com algum conhecimento em alquimia. A obra se destaca nos elementos que precisam ser ressaltados, como a narrativa e a proposta de enredo, e entrega um trabalho bem-feito em aspectos que não são o destaque da obra como os puzzles e o elemento stealth. O Asobo Studio sabia exatamente o que entregar e a forma de entregar, tornando o primeiro jogo desta série ímpar.

A Plague Tale: Innocence é desenvolvido pela Asobo Studio, para saber onde está disponível o jogo ou comprar produtos da obra basta acessar o site deles clicando aqui. Para acompanhar as matérias da coluna Checkpoint, clique aqui.

Respostas de 3

  1. deu muita vontade de jogar depois da sua opinião

    “O jogo não traz nada novo em seu gênero, mas consegue entregar uma história cativante e épica, cheia de sentimentos.”

    as vezes é tudo que precisamos

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