A Musa de Bonnard é uma história de amor, arte, mágoas, mas, principalmente, sobre ressentimento. Uma obra que acompanha a relação do célebre pintor francês Pierre Bonnard e sua principal musa inspiradora, a esposa Marthe de Méligny. Estima-se que o artista tenha feito mais de dois mil quadros, com Marthe aparecendo em cerca de um terço deles. O diretor Martin Provost então utiliza esse gancho para criar uma narrativa que explora a complicada relação entre um renomado artista Pierre Bonnard (Vincent Macaigne) e de sua esposa, Marthe de Méligny (Cécile de France), ao longo de cinco décadas. O homem – que seu país natal apelidou de “pintor da felicidade” – não seria o pintor que todos conhecem sem a enigmática Marthe.
A Musa de Bonnard cria um ambiente dúbio entre amor e ódio
O longa, desde seus momentos iniciais, tenta criar um ambiente dúbio, já que o amor e o egoísmo de Pierre Bonnard ficam constantemente embaralhados. É nítido que ele nutre sentimentos de um amor profundo por Marthe, mas ao mesmo tempo existe uma necessidade de sempre mantê-la por perto, pois vê nela sua constante inspiração. Essa confusão de sentimentos recai na personagem de Cécile de France que brilhantemente entrega uma mulher aprisionada e apaixonada, mas que sempre consegue manter um brilho próprio mesmo diante da genialidade de seu marido.
Mesmo havendo esse brilho próprio, que encanta todos ao seu redor, é perceptível que Marthe luta constantemente com o ego do seu amado. Ao longo do filme vemos que ela possuía um dom artístico, que bastava ser lapidado, acrescido de um carisma que seu marido não tinha. Entretanto, o egoísmo de Pierre Bonnard impediu Marthe de Méligny de construir uma vida própria, pois tudo na vida do casal girava em torno de Bonnard e suas obras.
Pierre Bonnard ficou conhecido como pintor da felicidade não só por suas temáticas, mas pelo gosto em utilizar cores. Todavia, essa alcunha não pode ser aplicada em sua vida. O artista viveu uma vida inteira de altos e baixos na relação com sua musa, além disso, recaiu sobre ele a culpa pelo suícidio de uma de suas amantes.
A química entre o casal de protagonistas é inegável. A dinâmica frenética e intensa gera vigor ao filme, pois ambos os personagens são excêntricos e com personalidades opostas que constantemente causam conflitos na relação. A Musa de Bonnard é um filme extremamente belo em termos técnicos, mas que tem como maior diferencial a peculiaridade de seus personagens.
O filme é distribuído pela California Filmes e chega nos cinemas dia 06 de junho