Num misto de suspense, sustos, misticismo e bigodes, o lendário investigador Hercule Poirot passa a Noite das Bruxas inaugurando o retorno não programado de sua aposentadoria. A convite da sempre atenciosa equipe do Podi app (clique aqui para acessar) junto ao intrépido investigador Teddy (na foto a seguir). Uma adaptação de Halowe’en Party da inigualável escritora Agatha Christie, Noite das Bruxas se passa dez anos após Morte no Nilo, última aventura adaptada do detetive.
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Dirigido por Kenneth Branagh (o ator que representa Poirot e que também dirigiu os filmes anteriores), o filme toma cara de franquia após mais uma produção bem recebida pelo público. Uma franquia baseada em livros de tanto sucesso precisa fazer jus à história de seus antecessores e A Noite das Bruxas não deixa a desejar. Fãs dos livros poderão aproveitar de uma estética que muito se assemelha à imaginação quando se trata da leitura e interpretação de uma obra literária. Os escuros corredores do antigo Palazzo veneziano e o intenso clima de misticismo envolvendo a situação levam o/a espectador(a) a grudar na cadeira até o último momento para a revelação de quem será culpado/a pelas mortes. Sim, mortes. O “caso” de Poirot começa com apenas uma pequena solução a ser encontrada e torna-se cada vez mais grave à medida que a história se desenrola.
O Poirot de Branagh não só tem o charme e a excentricidade de um investigador francês (lembrando que Poirot é belga) de alta classe, como também um toque de cinismo que se assemelha a Benoit Blanc, de Daniel Craig (Entre Facas e Segredos). Em A Noite das Bruxas, Poirot se depara com uma das grandes inimigas da investigação e do ceticismo: o misticismo. Como uma bruxa, a senhorita Reynolds (Michelle Yeoh) aparece acompanhada de sua assistente Desdemona (Emma Laird) afimeando conseguir encontrar as respostas para a misteriosa morte de Alicia Drake. Neste mistério também estão envolvidos a escritora Ariadne Oliver (Tina Fey), que muito se assemelha a um alter-ego ou brincadeira com a própria Agatha e o leal segurança Vincenzo di Stefano.
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A Noite das Bruxas – um clichê não entediante
Em poucas palavras, o filme é divertido, intrigante e certamente (não conte isso como uma das características, hehe) digno do legado. É claro que nunca um filme chegará aos pés do que é a imaginação de uma pessoa. Aqueles fãs mais ávidos da escritora claramente não terão a mesma experiência do que os que buscam uma diversão de domingo ou um bom mistério. “Quem matou Odete Roitman” também é uma pergunta que permeia as mentes dos espectadores, já que, para quem assistiu à novela, muitos momentos permitem a piadinha de mal gosto. Os momentos de tensão, cenas de silêncio sufocantes e o intenso trabalho mental que Poirot nos força a fazer moldam A Noite das Bruxas numa ótima sessão para se divertir, impressionar e treinar as habilidades de solução de mistérios. O filme é cheio de clichês de filmes de suspense e investigação no maior estilo “jogo Detetive”, porém estes recursos em nada atrapalham a forma de assistir à obra.
A não presença de grandes estrelas do cinema como em Assassinato no Expresso do Oriente, com Judi Dench, Johnny Depp, Daisy Ridley e outros não exerce interferência negativa sobre a obra. Mesmo com a presença de Michelle Yeoh (Oscar Melhor Atriz), o filme não conta com um peso de elenco de alto custo (visto o orçamento de 60 milhões de dólares) e isso faz com que o público não saiba necessariamente o que esperar dos personagens. Para aqueles que gostam de um pouco de cinema em tons de cinza, uma boa notícia: Jaime Dornan também está presente no elenco, deixando seu charme e personalidade misteriosa contribuírem ainda mais para o desenvolvimento da trama.
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A Noite das Bruxas é um filme de tirar o fôlego. Comparando ao livro, o filme não chega perto de ser uma obra-prima – como muitos gostam de atribuir este título às obras literárias – mas contribui (e muito) para a construção de um público engajado. Assim, não só na literatura, haverá em breve um grupo de fãs dos mistérios de Agatha Christie também no audiovisual.
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