Não há nada de novo em sua história de dor universal. Eunice (Fernanda Torres) é esposa de Rubens Paiva (Selton Mello), ex-deputado. Este, porém, é cassado após o golpe brasileiro de 1964, sendo levado pelo regime militar e nunca mais reavendo sua liberdade. Ainda estaria ele, entretanto, mantendo seu lugar na telona dentro da cartela de filmes nacionais quando Walter Salles (responsável pela adaptação do livro de Marcelo Rubens Paiva que carrega o mesmo nome do filme – Ainda Estou Aqui), choca o espectador de forma nada sutil com o corpo do protagonista boiando na praia do Leblon, mostrando que, dessa forma, qualquer dor que viria dali para frente seria pouco se comparada ao que acontecia, mas que, no entanto, competiriam fortemente.

Filmes Nacionais – A importância de Ainda Estou Aqui

Relacionando ficção e realidade, Ainda Estou Aqui traz de maneira impactante nuances clássicas de momentos inesquecíveis da história brasileira. Sua essencialidade, assim, compactua com o aspecto do homem e a importância deste se conscientizar de seu passado, a fim de, então, entender as perspectivas históricas do local e país em que vive. 

Não somente, impulsionado por um sucesso internacional, explorar a relação dos fortes laços familiares daquela família que vive sem seu pai/marido é uma grande análise e revelação de até onde a força dos que restaram era capaz de alcançar.

Ainda Estou Aqui teve sua estreia no Festival de Veneza e logo conquista a internet. Tomado, dessa forma, como um grande pretendente para as listas de premiações que saem em 2025, muitas de suas confirmações e cogitações só mostraram o potencial nacional de produção. De antemão, assistir a um filme como esse parece pouco, quando uma história como aquela parece durar dentro de si. Pensando nisso, confira algumas recomendações de filmes nacionais que sempre estiveram ao nosso alcance, e que ainda permanecem:

Central do Brasil (1998)

Revelando o gosto de Walter Salles por mãe e filha, Central do Brasil (1998), um filme nacional que traz consigo uma trama que gira em torno de Dora (Fernanda Montenegro), professora já aposentada que ainda trabalha como escritora de cartas para pessoas sem maior escolaridade na Estação Central do Brasil. Recebendo indicações ao Oscar e outros prêmios como Bafta, César e Globo de Ouro. A trama é inspirada em Socorro Nobre, ex-presidiária que escrevia cartas para presas analfabetas. Disponível na Netflix.

Que Horas Ela Volta? (2015)

Val (Regina Casé), uma mulher pernambucana, mudou-se para São Paulo atrás do sonho típico do interior: a busca por melhores condições de vida. Com certo receio, deixa que a filha permaneça em sua antiga casa, indo sozinha para conquistar algo melhor para sua primogênita. Até que anos depois, quando sua filha e o filho de sua patroa vão prestar o mesmo vestibular, as coisas parecem não funcionar de forma tão amigável, contestando até onde uma filha de empregada por ir fisicamente e intelectualmente. Disponível na Netflix.

Cidade de Deus (2002)

Dadinho (Douglas Silva) e Buscapé são grandes amigos, que crescem juntos imersos em um universo de muita violência e repressão. Na Cidade de Deus, favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos do Rio de Janeiro, os caminhos das duas crianças divergem, quando um se esforça para se tornar um fotógrafo e o outro o chefe do tráfico. Ao trazer suas perspectivas diferenciadas de uma mesma criação, o filme foi considerado um dos melhores de todos os tempos desde sua produção. Disponível na Netflix.

Ainda Estou Aqui – Sinopse

No início da década de 1970, o Brasil enfrenta o endurecimento da ditadura militar. No Rio de Janeiro, a família Paiva – Rubens, Eunice e seus cinco filhos – vive à beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos. Um dia, então, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice – cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas e décadas – é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos.