No último domingo (02), o longa brasileiro ‘Ainda Estou Aqui’ se tornou o primeiro filme do nosso país a receber um Oscar. Numa temporada de prêmiação marcada por polêmicas e intrigas, Walter Salles – diretor do filme – nos lembra do que é mais importante.
A Black Company foi convidada a participar de uma coletiva de imprensa com os astros e diretor do filme nesta segunda-feira (03). Nela, ouvimos o que seria o verdadeiro discurso de agradecimento pelo Oscar de Melhor Filme Internacional (confira na segunda foto abaixo). Salles admitiu que ele perdeu as anotações com o que iria dizer, causando então o cômico momento que foi vê-lo colocando os óculos para ler… e não lendo nada.
Apesar de ter improvisado muito bem e lembrado de quase tudo, de uma coisa ele se lamenta. “Viva a democracia! Ditadura nunca mais!”, era a maneira como Walter Salles gostaria de ter terminado seu discurso. Sendo essa a única parte que seria dita em português.
Ao longo da coletiva, este foi um tópico muito mencionado. Por várias vezes Fernanda Torres, Selton Mello e o próprio Walter Salles mencionavam como o filme ressoou com pessoas de países tão diferentes do Brasil. Considerando a tendência política global, eles acreditam que ‘Ainda Estou Aqui’ gerou essa conexão com tantas pessoas. É um filme falando sobre o passado, mas também é muito próximo da realidade de hoje.
Ainda Estou Aqui e a Indústria
“O Oscar foi um dia muito especial porque foi um dia do cinema independente!” e os filmes deste estilo se reconheceram nos bastidores e fizeram questão de exaltar um ao outro. Fernanda Torres fez questão de deixar bem claro que, para ela, Anora, Flow, Ainda Estou Aqui e No Other Land marcaram um antes e depois da premiação.
Fazer cinema independente é desafiador, e Torres ressaltou durante grande parte da coletiva o quanto estava feliz em ver tantos filmes do tipo, sem orçamentos estratosféricos, levando a estatueta para casa. Ela também elogiou bastante o trabalho da atriz Mikey Madison em Anora e chegou a dizer que os filmes eram “primos” pela forma como foram desenvolvidos.
Salles e Torres também reservaram parte da entrevista para comentar como a comunidade do cinema foi de extrema importância para a campanha de Ainda Estou Aqui. Eles mencionaram que várias pessoas da indústria (como Alfonso Cuarón e Guillermo del Toro) foram fundamentais na campanha e em levar o longa para outros mercados. Sean Baker e Mohammad Rasoulof, são alguns dos nomes que viram o filme mais recentemente e fizeram questão de demonstrar o quanto gostaram da produção.
Eles também comentaram sobre como participar de uma campanha tão longa, vendo quase sempre as mesmas pessoas, faz alguns laços se esteritarem.

Ainda Estou Aqui e a temporada de premiações
O filme ter sido muito reconhecido e aclamado na temporada de premiações, incluindo o Globo de Ouro de Melhor Atriz para Fernanda Torres e o Oscar de Melhor Filme Internacional, no entanto, Salles não considera esses prêmios como os mais importante da temporada. Para ele, o circuito de festivais que Ainda Estou Aqui passou (o longa já ganhou mais de 40 prêmios desde o seu lançamento no Festival de Veneza) foi fundamental para trazer o filme até aqui são igualmente importantes.

Apesar do Oscar marcar o fim da temporada de premiações maiores, a jornada de Eunice Paiva nos cinemas está longe de terminar. Há 18 semanas em cartaz no Brasil, e sem uma previsão para sair, o longa nem estreou em alguns países. O filme já soma mais de R$100 milhões de bilheteria e levou mais de 5 milhões de pessoas aos cinemas.
Ainda não há confirmação sobre quando chegará às plataformas de streaming. No entanto, por ser uma produção original Globoplay, após a temporada nos cinemas, o longa deve migrar para o streaming.