Dirigido por David Fincher e indicado ao Oscar por Melhor Edição de Som, Clube da luta (1999), adaptado do livro com o mesmo nome do autor Chuck Palahniuk é sem dúvida um filme atemporal, inicialmente não tendo tanto sucesso em sua estreia, mas atingindo uma classificação de cult, que trouxe autoridade para sua produção. Não somente, com uma temática pouco comum para época, retrata uma abordagem que viria a ser inspiração para grandes produções, como Mr. Robot (2019), que conta a história de Elliot Alderson (Rami Malek), e a estranha organização Fsociety.
Um homem aparentemente deprimido, interpretado por Edward Norton começa a sofrer constantemente de insônia. Em uma de suas andanças acaba conhecendo o vendedor Tyler Durden (Brad Pitt), se envolvendo em diversos acontecimentos até o momento de se encontrar morando em uma casa suja, após o trágico acidente do seu apartamento perfeito e totalmente limpo ser destruído devido uma explosão sem precedentes. Renegando qualquer forma convencional de vivência e parâmetros sociais, a dupla tem a ideia de forma um clube com regras extremamente rígidas para que homens como eles lutassem. A parceria parecia ir bem, até que uma estranha mulher surge na vida de ambos, levando tudo que construíram a beira da ruína.
Num questionamento constante sobre a perspectiva de como tudo é narrado, o espectador vem a duvidar de qualquer informação que seja passada, já que é nítido o fato de não se estar mediante um narrador onisciente, mas alguém confuso, enlouquecido pelo cansaço, sendo capaz de identificar uma veia tendenciosa do protagonista em comunicar os eventos. Em constantes flashs de amnésia, tudo parece se misturar, perdendo o sentido diversas vezes, e em outras, sendo vago de maneira proposital, sabendo somente o que é contado através de um par de olhos, mas que pode não condizer com a realidade. Essa mistura causa estranheza em um primeiro momento, mas à medida que a trama adquire sentido, o público parece disposto a ponderar sobre as reflexões profundas acerca da sociedade que vivemos, mostrando o caminho que o filme pretende traçar a partir dali.
Clube da luta é sem dúvidas um clássico que merece estar no top 3 de qualquer apreciador de filmes. Usando de forma sensacional a primeira cena como um instigador ao espectador, que entende que aquele não se trata de um final feliz, a curiosidade faz com que cada cena, menor que seja, atraia o máximo de atenção, já que descobrir o que levou a um final como o mostrado no início do filme é entender os homens e os eventos que fazem parte da história e sua construção.
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