No dia 15 de agosto, Alien Romulus estreou, dirigido por Fede Alvarez, prometendo resgatar o teor dos filmes originais, e ao mesmo tempo dar uma “nova cara” para a franquia, que não estava conseguindo atingir o sucesso desejado em diferentes filmes.
Em 1979, somente dez anos após a chegada do homem à Lua, o cinema recebia o filme “Alien: O Oitavo Passageiro”, de Ridley Scott. A obra viria a se tornar uma das mais clássicas da história, principalmente no gênero do terror e da ficção científica.
No entanto, mesmo podendo dizer que os primeiros filmes dirigidos por Scott e James Cameron, respectivamente, foram um sucesso, isso não se aplica para as continuações, que foram bem divisivas na recepção de público e crítica. Sempre houve o desafio de recuperar a glória do passado à franquia Alien, e dessa vez coube a tarefa para Fede Alvarez.
Em entrevista à Variety, o diretor uruguaio disse que gostaria de voltar para o estilo de filmes que originou a franquia,. Mesmo sendo a sétima produção desse universo e sendo sequência cronológica do primeiro, ele funciona sozinho, o que é perfeito para abraçar um novo público, ao mesmo tempo que tem referências claras para quem já era fã anteriormente.
É possível dizer que ele conseguiu retomar o teor dos primeiros filmes. No entanto, isso pode ser visto por duas perspectivas: se por um lado é notável que o filme se aproxima mais dos antigos, com lugares claustrofóbicos e foco no isolamento dos tripulantes, ao contrário dos filmes mais novos que aumentaram a escala da problematização, por outro ele segue estruturas narrativas muito semelhantes às do filme de 1979. A pessoa que gostaria de ver algo próximo de um remake será muito bem recompensada, já aquela que espera algo completamente novo pode se decepcionar pela previsibilidade dos acontecimentos.
O que mais se diferencia nos dois filmes citados é a forma de condução do terror. Enquanto o primeiro se apega mais a um terror sugestivo, que vai aumentando gradualmente, aqui nós temos um gore e violência explícita, que acompanha o filme quase por completo. Nesse aspecto não há um certo ou errado para pontuar, apenas depende da preferência de quem procura o filme, até porque, no que se propõe, Alien Romulus consegue entregar muito bem, sempre despertando a sensação de angústia com o andamento do longa. O único ponto realmente negativo nesse aspecto da condução foi o uso de jumpscares, que felizmente não é o principal recurso, porque são bem óbvios em alguns momentos.
Em relação aos atores principais, também é necessário fazer uma divisão: ao mesmo tempo que o grupo conta com vários membros, e muitos deles acabam sendo mal explorados na trama, aqueles que possuem maior tempo de tela são muito bons, com destaque especial para Rain Carradine, interpretada por Cailee Spaeny, que consegue ser carismática e em muitos momentos lembrar de forma positiva a icônica Ripley, de Sigourney Weaver, e para o robô humanóide Andy, interpretado por David Jonsson, que consegue entregar facetas completamente diferentes do personagem, conforme há a demanda na história.
Por fim, os últimos pontos negativos foram algumas decisões de roteiro, especialmente no final da trama, onde o nível de suspensão de descrença é levado ao limite, porque há algumas situações propostas absurdas, e a solução do roteiro para elas muitas vezes não é convincente o suficiente.
Alien Romulus é um filme que cumpre bem seu papel principal, que era o de resgatar a qualidade da franquia, fazendo isso sem a necessidade dos antecessores para entendimento de sua história. A presença do terror junto com a criatividade das cenas mais tensas é, com certeza, o ponto alto do filme, além de seus principais personagens. No entanto, nem todos os personagens conseguem ser desenvolvidos da mesma forma, o roteiro conta com algumas falhas difíceis de serem ignoradas e a história pode ser previsível, principalmente para aqueles que têm a memória vívida com Alien: O Oitavo Passageiro.