O quinquagésimo filme na carreira de Woody Allen finalmente está chegando aos cinemas brasileiros. Golpe de Sorte em Paris começa como um romance recheado de drama e evolui para um suspense quando as coisas começam a desandar. O longa conta a história do casal Fanny e Jean, e do sedutor Alain que entra na vida deles sem pedir permissão.
O longa já chega aos cinemas com um grande apelo: além de ser o 50º, pode ser o último na carreira do famoso cineasta. Infelizmente, não há nível de saudosismo que possa elevar a qualidade do filme, que tem sua principal falha diretamente atrelada à sua história. O elenco entende bem as personagens e entrega excelentes performances em paisagens belíssimas adornadas por uma cenografia impecável, uma caracterização bem alinhada com a proposta da produção e uma fotografia interessante.
Entretanto, mesmo com uma arte tão bem feita, o filme simplesmente não consegue convencer. A protagonista Fanny (Lou de Laâge) toma todas as piores decisões possíveis em sequência ao longo da narrativa e transforma em uma bola de neve coisas que se resolveriam facilmente com uma conversa. Ela vive em um casamento infeliz por puro descontentamento com coisas bobas, o que começa a se tornar irritante quando percebemos que ela sabe pouquíssimo sobre o homem com quem se casou.
Além disso, o roteiro aos poucos deixa claro que, mesmo com uma protagonista mulher, a história é sobre homens e para homens. Por fim, ao focarmos no que deveria ser a força-matriz da narrativa – coincidências e ironias -, encontramos apenas tolices. Golpe de Sorte em Paris até é inteligente em alguns pontos. Entretanto, chega carregado de ideias e conceitos ultrapassados, com uma visão machista e um final óbvio e sem graça.