Greice é um filme que retrata a maneira conturbada que se estruturam os conflitos do início da vida adulta de uma emigrante. Trazendo pitadas de humor, mistério e mentiras, conta a história da protagonista Greice; Imigrante, negra e estudante de arte em Lisboa. No filme, toda sua vida parece virar de cabeça para baixo quando um misterioso quadro pega fogo no dia da recepção dos calouros na faculdade em que estuda. Trazendo uma perspectiva onde verdade e mentira são postas a prova, a trajetória da protagonista parece encarar novos caminhos quando conhece Afonso, fazendo com que essa relação se torne o estopim dos eventos que se seguiriam a partir dali.
O longa do diretor e roteirista Leonardo Mouramateus traz, junto a atriz Amandyra que dá vida a protagonista, um mix de sentimentos e percepções. Abordando de maneira leve alguns eventos, o viés artístico que implementa toda a obra é caracterizado através de diversos outros personagens, como a presença da cantora Clea ao qual Greice trabalha, que a descreve como amiga das circunstâncias. A mentira gira, dessa forma, como um grande estopim aos caminhos que se formam a partir dali, fazendo com que Greice retorne ao Brasil e questione todas as suas escolhas e decisões, sendo colocada frente a frente com seu passado.
Greice – A arte de inventar histórias
Vivenciar um novo mundo, longe de casa e repleto de incertezas parece difícil demais quando feito sozinho. Além disso, alimentar um sonho de grandes feitos é agarrar incertezas e grandes vontades de maneira desesperada, como se tudo fosse possível para se alcançar o benefício próprio. Greice assume, assim, uma visão ampla de suas escolhas passadas, questionando-se onde a arte de inventar histórias, prática comum em seu dia-dia, a teria levado. Seria, consequentemente, todas as decisões de sua vida fruto de mentiras? Seu relacionamento, sua família, sua carreira? Estaria ela ao lado, mais uma vez, das circunstâncias e do destino?
Sem dúvida, questionar Greice e toda sua capacidade de mentir é entender seu amadurecimento em toda a estruturação do longa. Sendo insuficiente em alguns pontos, referências passam despercebidas de explicação, quando uma licença poética parece sobressair a um sentido lógico palpável. Sendo a intenção ou não de uma reflexão própria do espectador, o filme consegue compensar em outros pontos de maneira leve e bem estruturada, mostrando os erros e acertos de se viver.
