É raro ver um ator que transcende gerações, estilos e gêneros cinematográficos com a mesma naturalidade e carisma. Keanu Reeves, canadense de origem libanesa, é um desses casos. Com uma carreira que já ultrapassa quatro décadas, ele não apenas coleciona papéis — ele cria ícones.
De Neo, o escolhido que desafiou a Matrix, a John Wick, o assassino mais estiloso da sétima arte, Reeves consolidou-se como símbolo de uma Hollywood que ainda valoriza o ator comprometido com a entrega emocional e física.
Neo – A revolução começa com uma pílula vermelha
(Matrix, 1999–2021)
Se há um papel que elevou Keanu Reeves ao status de lenda pop, é Thomas Anderson, ou melhor, Neo. A trilogia Matrix, criada pelas irmãs Wachowski, redefiniu a ficção científica e inspirou gerações com sua estética cyberpunk e dilemas filosóficos.
Neo não é apenas o “escolhido”. Ele é o símbolo da dúvida existencial em um mundo cada vez mais digitalizado. E Reeves empresta ao personagem uma mistura de vulnerabilidade e força que ressoa até hoje, especialmente entre os que cresceram nos anos 2000.

John Wick – O luto, a vingança e a estética da violência
(John Wick, 2014–presente)
Em uma era em que o cinema de ação parecia saturado, John Wick surgiu como uma respiração estética e brutal. O personagem é movido por uma motivação simples — vingar seu cachorro e, com ele, sua última conexão com a esposa falecida. Mas o que poderia ser apenas mais um filme de vingança virou um universo cinematográfico coeso, com códigos, hotéis, moedas e lealdades.
Reeves, aos 50 anos quando filmou o primeiro longa, treinou intensamente em artes marciais, tiro e coreografia. O resultado? Um assassino que é quase uma dança entre violência e elegância. Um personagem silencioso, mas de presença avassaladora.

Ted Logan – O rock, o tempo e o carisma da juventude
(Bill & Ted, 1989–2020)
Antes de salvar o mundo com kung fu e armas automáticas, Keanu salvava a história mundial com uma guitarra. Ted Logan, da cultuada comédia Bill & Ted, é a prova de que o ator sempre teve carisma de sobra.
Ao lado de Alex Winter (Bill), ele viaja no tempo para concluir um trabalho de escola — e acaba cruzando com figuras como Sócrates, Napoleão e Beethoven. Ingênuo, divertido e absurdamente carismático, Ted mostrou que Keanu também tinha veia para a comédia e conquistou o coração de uma geração mais alternativa.

John Constantine – O anti-herói à moda de Keanu
(Constantine, 2005)
Mesmo distante da versão loira e britânica dos quadrinhos, a versão de John Constantine interpretada por Keanu Reeves conquistou seu próprio espaço. O filme mistura ocultismo, céu e inferno, exorcismos e dilemas morais, com uma estética noir e densa.
Constantine é um personagem quebrado, cínico, mas movido por um senso distorcido de justiça. Reeves traz uma sobriedade ao papel que, ao longo dos anos, fez o longa se tornar um clássico cult. Uma sequência está em desenvolvimento — um sinal de que a interpretação de Keanu envelheceu como vinho.

Johnny Silverhand – Quando o cinema encontra os games
(Cyberpunk 2077, 2020)
Keanu não se limita ao cinema. Em Cyberpunk 2077, game da CD Projekt Red, ele dá vida a Johnny Silverhand, uma estrela de rock rebelde transformada em fantasma digital. A atuação de Reeves, com captura de movimento e voz, é um dos pontos altos do jogo e fez com que o personagem fosse mais do que um “extra famoso”: ele é parte essencial da trama.
É mais um exemplo de como o ator transita entre mídias sem perder seu magnetismo.

Shadow – A nova aposta no universo infantil
(Sonic 3, 2024)
Keanu foi a voz de Shadow, o ouriço rival de Sonic, no terceiro filme da franquia. É a primeira vez que ele mergulha oficialmente no universo infantil de maneira tão marcante, mas sua escolha para o papel mostra que seu alcance intergeracional está mais vivo do que nunca.

Keanu Reeves: um ator que virou arquétipo
O que torna Keanu Reeves tão especial? Talvez seja a entrega. Talvez seja sua postura humilde nos bastidores, sua história de superações pessoais, ou o fato de que, com ou sem falas, ele transmite humanidade.
Seus personagens não são apenas “papéis” — são figuras que moldaram o imaginário coletivo. De heróis silenciosos a outsiders carismáticos, Keanu construiu uma filmografia coerente com seu próprio ethos: intensidade com propósito, estilo com alma.
E com John Wick 5 no horizonte, parece que o homem por trás da lenda ainda tem muito a oferecer.