Wake Up Alice, Wake Up
O cinema, sinistro portal para as profundezas da alma humana, revela-nos em “Alice no País das Trevas“, uma agoniante narrativa onde a realidade é um espectro sombrio entre a sanidade e a loucura.
Alice (interpretada por Lizzy Willis), após perder sua mãe em um incêndio devastador, encontra-se aprisionada entre os véus do mundo mortal e os domínios sinistros dos sonhos. Seus olhos, sombrios e penetrantes, convidam-nos a mergulhar em sua jornada de dor e desespero. Além disso, o casarão decrépito, com paredes cobertas de musgo e móveis quebrados, é o palco perfeito para esta tragédia gótica se desenrolar.
Não é a “Alice no País das Maravilhas” que conhecemos, mas uma versão distorcida e corrompida, onde o Chapeleiro Louco é um feiticeiro ensandecido, o Coelho Branco um porta-voz do desespero e a Rainha Vermelha é quem governa os reinos físicos, ao assumir o corpo da avó de Alice e os reinos da loucura.
A maquiagem desempenha um papel crucial na criação deste mundo sombrio. Os personagens, ao emergirem do limiar entre a vida e a morte, exibem olhos sem alma como a própria morte. Além disso, o suspense, como uma névoa nefasta, paira no ar, pronto para nos arrastar para as profundezas do abismo.
Em “Alice no País das Trevas”, o terror não reside exclusivamente em sustos repentinos ou em criaturas monstruosas à espreita. Ele reside, principalmente, na atmosfera, na sensação de que algo está terrivelmente errado, de que o mundo está à beira do colapso. É um filme que nos desafia, portanto, a questionar nossa própria sanidade nos convidando, assim, a dançar com o abismo.
Caminhando à loucura
Sob a direção macabra e roteiro de Richard John Taylor, “Alice no País das Trevas”, lançado pela A2 filmes, é uma peregrinação rumo à entorpecência e à loucura. Uma descida aos abismos, onde a beleza se deforma em grotesco e a segurança se desfaz em pesadelo. Não há redenção, apenas o eco dos lamentos e o cheiro de fumaça que impregna o ar.
Assista e você nunca mais será o mesmo.
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