Diretora do curta Bela Lx-404, a cineasta brasileira Luiza Botelho irá participar dos painéis “Disruptive Filmmaking” e “Brazil In Focus” no AfroCannes. O evento ocorre neste sábado, 17, e busca promover a diversidade e a inclusão de pessoas afrodescendentes na indústria cinematográfica.
Com experiência em direção, produção e roteiro, Luiza Botelho ficou emocionada com o convite. “Palestrar no AfroCannes, em plena efervescência do Festival de Cannes, é uma oportunidade emocionante e simbólica. Sinto que esses dois encontros se complementam e refletem partes essenciais da minha trajetória”, conta.
Luiz já produziu os longas O Pai de Rita (2021), Meu Amigo Fela (2019) e Filhas do Vento (2004). Seu mais recente trabalho, o curta Bela Lx-404 (2024), recebeu cinco prêmios, incluindo Melhor Curta-Metragem de Ficção no Pan African Film Festival 2025, festival qualificatório para o Oscar.

Nome em ascensão no cenário internacional, ela está animada com sua participação no AfroCannes. “Esse painel [Disruptive Filmmaking] tem tudo a ver com o tipo de filmes que faço: obras que desafiam narrativas hegemônicas e reimaginam a arte do cinema. Estar ao lado de diretores tão inovadores como Izu Ojukwu, Simon Moutaïrou, Alex Kahuam, Jo Southwell e Karima El Mahmoud, será um presente. Estou animada com a troca, com o público, e com as reflexões que surgirão a partir desses encontros”, celebra.
No painel Brazil In Focus (14h), Luiza se junta a dois grandes nomes para falar sobre a nova geração do cinema brasileiro, com foco em cineastas afro-brasileiros. “Terei a honra de dividir o palco com a presidente da Spcine, Lyara Oliveira, o diretor Luís Lomenha, e o produtor Ernest White II, para discutir as novas faces do cinema brasileiro — passando pelo legado do meu pai, Joel Zito Araújo, até essa nova geração de talentos que vem transformando nossa representatividade e nossa imagem no mundo”, conta.
Projetos futuros
Selecionada para a Producer’s Network, Luiza irá apresentar o longa “Saudade”, uma coprodução Brasil–Estados Unidos em busca de parceiros europeus. O filme é dirigido por ela e cocriado com seu pai, Joel Zito Araújo, referência incontornável do cinema negro brasileiro.
“Saudade é um drama sensível sobre reconciliação entre gerações, deslocamento e pertencimento, protagonizado por um homem negro que retorna ao Brasil com uma doença terminal após décadas nos EUA, em busca de despedida e reconexão com tudo o que deixou para trás”, explica.

Além de Saudade, a cineasta também apresentará o filme AI: Ancestral Intelligence. O longa é uma ficção científica afrofuturista e indígena-futurista ambientada na comunidade fictícia de Kaluanã. O filme imagina uma solução inesperada para a especulação imobiliária, por meio da união entre tecnologia e saberes ancestrais.
“Ambos filmes dialogam com minha trajetória e com meu desejo de contar histórias que expandem a imaginação e valorizem as experiências negra e indígena de maneira complexa, poética e universal”, destaca.