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Mulheres que Marcaram o Cinema Brasileiro

O cinema nacional sempre foi um reflexo das transformações sociais e culturais do Brasil, mas é inegável que, ao longo das décadas, o olhar feminino tem se mostrado essencial para moldar essa narrativa. Desde a atuação até a direção, passando pela produção e roteirização, as mulheres têm se destacado em diversas funções, rompendo barreiras e conquistando seu espaço em uma indústria predominantemente masculina. 

Em especial ao Dia Internacional da Mulher, nesta matéria vamos celebrar e explorar a contribuição de grandes nomes femininos que deixaram seu legado no cinema brasileiro, com foco especial na direção, onde a presença feminina tem ganhado cada vez mais força e visibilidade.

Acompanhe aqui! 

1. Cléo de Verberena

A cineasta e atriz Cléo de Verberena, nome artístico de Jacira Martins Silveira, é reconhecida como a primeira mulher a dirigir um filme no Brasil. Em 1931, ela produziu e estrelou seu primeiro longa, O Mystério do Dominó Preto, uma obra baseada na novela do escritor Martinho Corrêa. 

Junto ao seu marido César Melani fundou o estúdio EPICA FILM, onde produziu seu primeiro longa. A pesquisadora Marcella comenta que “eles escolheram começar num período bem difícil, que foi a transição do cinema silencioso para o cinema falado. Pensaram que seria a hora de lançar filmes nacionais, já que os novos que chegavam eram falados em inglês.” 

Com a morte de seu marido, Cléo nunca chegou a concluir seu próximo filme. No entanto, seu pioneirismo como cineasta no Brasil abriu um caminho importante, inspirando e abrindo portas para que outras mulheres seguissem o mesmo trajeto no cinema.

2. Tatá Amaral

Tatá Amaral é uma atriz e produtora brasileira que, desde o início de sua carreira na década de 1980, se dedicou à direção de diversas produções, como curtas-metragens e vídeos. Sua trajetória começou com os curtas, em um período em que as salas de cinema eram obrigadas a exibir esses filmes antes das produções internacionais, o que favoreceu seu ingresso na carreira cinematográfica. Entre os curtas dirigidos por ela, destaca-se Viver a Vida (1991), reconhecido com o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cinema de Gramado, além de Melhor Curta e Melhor Direção no Festival de Brasília.

Seu primeiro longa-metragem, Um Céu de Estrelas (1997), também foi amplamente reconhecido, conquistando o prêmio de Melhor Filme no Festival de Havana e o de Melhor Direção no Festival de Brasília.

Desde o início de sua carreira, suas produções têm sido marcadas, principalmente, por dramas políticos, refletindo sua luta pela preservação da memória da resistência política de grupos sociais. 

3. Adélia Sampaio

Adélia Sampaio é uma cineasta reconhecida por ser a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem na América Latina. Seu trabalho quebrou barreiras em um cenário cinematográfico ainda amplamente dominado por um sistema patriarcal, branco e elitista. Sua trajetória é um marco no cinema produzido por mulheres negras.

Adélia fez parte do movimento Cinema Novo, que buscava transformar a linguagem cinematográfica e refletir as questões sociais do Brasil. Seu primeiro contato com o cinema aconteceu ao se mudar para a casa de sua irmã, que trabalhava na distribuidora de filmes russos Tabajara Filmes. Esse foi o início de uma jornada que a levou a se envolver, pouco depois, com a produção cinematográfica. 

Sua carreira teve início na Difilm, distribuidora ligada ao Cinema Novo, onde começou como telefonista. Adélia se envolveu com as produções, organizando um cineclube na empresa e assumindo diversas funções técnicas, como continuísta, produtora, maquiadora e câmera. Durante esse período, teve contato com diretores do Cinema Novo, como Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman, que influenciaram sua visão cinematográfica.

Em 1979, Adélia estreou como diretora com o curta-metragem Denúncia Vazia, produzido em sua própria produtora, criada com o apoio de sua irmã. O primeiro longa-metragem de Adélia foi Amor Maldito, lançado em 1984. O filme retrata o julgamento de Fernada, acusada de ter assassinado Sueli, uma ex-miss por quem é apaixonada. Um fato que marca a produção é que, para comercializar o filme, a diretora precisou aceitar a utilização de cartaz que associava a produção a pornochanchada, gênero que tinha grande predomínio no cinema brasileiro nesse período. 

Apenas em 2001 ela retornou como diretora ao cinema, com o documentário AI-05 – O Dia Que Não Existiu, no qual dividiu a direção com o jornalista Paulo Markun. O filme revisita o período de repressão política vivido no Brasil durante a Ditadura Militar, especialmente o impacto do Ato Institucional nº 5, que marcou um dos momentos mais duros do regime.

4. Suzana Amaral

Suzana Amaral atuou ativamente como diretora de cinema e TV, além de ser crítica de cinema na Folha de S. Paulo. Trabalhou como diretora na TV Cultura de São Paulo e para a Rádio e Televisão Portuguesa (RTP), e também foi professora de cinema na ECA/USP. Ao longo de sua carreira, Suzana dirigiu três longas-metragens, sendo seus trabalhos frequentemente marcados pela recriação de grandes obras da literatura brasileira.

Um dos destaques de sua carreira é o filme A Hora da Estrela (1985), uma adaptação da célebre obra de Clarice Lispector. 

No filme, acompanhamos a história de Macabéa, uma jovem nordestina que busca seu espaço na grande São Paulo, dividindo um quarto em uma pensão com diversas outras mulheres. A personagem enfrenta a solidão e as adversidades da vida urbana. 

Após A Hora da Estrela, Suzana Amaral lançou seu segundo longa-metragem em 2001, Uma Vida em Segredo, baseado na obra de Autran Dourado. O intervalo entre os filmes deveu-se, em parte, à extinção da Embrafilme durante o governo Collor, o que provocou uma grande queda na produção cinematográfica nacional e afetou muitos diretores e artistas da época. 

5. Ana Carolina Teixeira Soares

Ana Carolina é diretora e roteirista, reconhecida por suas produções que exploram as relações sociais e históricas do Brasil. Dentre suas primeiras produções, podemos destacar os curtas-metragens Lavra Dor (1968) e Indústria (1969), que tratavam de temas relevantes como a reforma agrária e as condições de vida dos pequenos produtores rurais, refletindo a realidade do Brasil nos anos 60. Esses primeiros trabalhos demonstraram uma identidade que permaneceu durante toda a sua carreira: a abordagem de questões sociais e o olhar voltado para as lutas ocorridas no país. 

Além de sua atuação como cineasta, Ana Carolina é fundadora da Área Produções Cinematográficas, produtora que permitiu à diretora continuar investigando as complexas questões do país por meio de seus filmes. Em 1974, com base em pesquisas próprias, ela dirigiu o documentário Getúlio Vargas

Um dos maiores marcos de sua carreira foi a trilogia composta por O Mar de Rosas (1978), Das Tripas Coração (1982) e Sonho de Valsa (1987). Com essas obras, Ana Carolina voltou seu olhar para a condição das mulheres no Brasil, retratando suas lutas, desafios e a busca por identidade e autonomia em uma sociedade marcada por desigualdades. 

6. Helena Solberg

Helena Solberg é diretora, produtora e roteirista, conhecida por trabalhos que abordam temas políticos e femininos, com um olhar especial sobre a realidade das mulheres, especialmente na América Latina.

Sua carreira no cinema começou com curta-metragens. Em 1967, ela dirigiu seu primeiro filme, A Entrevista, um documentário que explora a visão conservadora das mulheres da classe média no Rio de Janeiro da época. O curta revelava as tensões sociais e a posição da mulher na sociedade brasileira. Em 1969, Helena lançou o curta de ficção Meio-Dia, que retrata a revolta de estudantes contra um professor em plena Ditadura Militar, contextualizando a resistência e o clima de opressão vivido no Brasil naquele período.

Um de seus maiores destaques foi o longa-metragem Carmen Miranda – Bananas is My Business (1994), que conquistou prêmios importantes no Festival de Brasília, incluindo o de Melhor Filme pelo Júri Popular, o Prêmio da Crítica e o Prêmio Especial do Júri.

Em 2004, ela lançou seu primeiro longa-metragem de ficção, Vida de Menina, baseado na autobiografia de Helena Morley. No período entre 1971 e os anos seguintes, Helena se mudou para os Estados Unidos, onde fundou o International Women’s Film Project, um grupo composto inteiramente por mulheres diretoras.

7. Anna Muylaert

Anna Muylaert é diretora, roteirista e produtora, e iniciou sua carreira na década de 1980, com a produção de curta-metragens e a escrita de textos críticos de cinema para revistas e jornais. Seu primeiro curta dirigido foi Rock Paulista, em 1988, seguido por As Rosas Não Calam em 1992.

Um dos marcos de sua carreira foi sua participação na criação de programas infantis na TV Cultura, onde colaborou na criação de produções como Mundo da Lua e o clássico Castelo Rá-Tim-Bum.

Seu primeiro longa-metragem foi Durval Discos, lançado em 2002. O filme ganhou duas indicações ao “Grande Otelo” (Grande Prêmio do Cinema Brasileiro) e levou sete Kikitos de Ouro no Festival de Gramado, além de outros três prêmios no Cine PE.

Após Durval Discos, Anna Muylaert dirigiu diversos outros longa-metragens, com destaque para produções mais recentes como Que Horas Ela Volta (2015), que narra a história de uma empregada doméstica que se vê em um conflito quando sua filha desafia as regras não-ditas da casa dos patrões. E Mãe Só Há Uma (2016), aqui a trama acompanha um jovem que descobre que sua família não é biológica quando a polícia prende sua mãe. Confuso, ele vai atrás de seus parentes verdadeiros, e a nova realidade faz com que o rapaz encontre finalmente sua verdadeira identidade.

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