Inspirado em livro de Daniela Arbex, Holocausto Brasileiro, longa resgata história de pacientes do Hospital Psiquiátrico Colônia
“NINGUÉM SAI VIVO DAQUI” é um filme baseado no livro Holocausto Brasileiro, da jornalista Daniela Arbex, seguindo a jornada de Elisa, uma jovem que engravida do namorado e, no começo dos anos de 1970, é internada à força pelo pai no hospital psiquiátrico Colônia, em Barbacena (MG). Dirigido por André Ristum, estreia em 11 de julho.
O longa é protagonizado por Fernanda Marques no papel de Elisa e ainda traz no elenco Andréia Horta, Augusto Madeira, Rejane Faria, Naruna Costa, entre outros.
Ristum, que assina o roteiro com Marco Dutra e Rita Gloria Curvo, conta que quando tomou contato com a história do Colônia, as meninas grávidas que eram internadas pelos familiares foi uma das coisas que mais lhe chamou a atenção. “Aquilo me chocou demais, e entendi que talvez esse fosse o melhor caminho para contar essa história. Depois, eu encontrei inclusive uma afinidade com minha história pessoal pois, minha mãe, quando moça, bem antes de eu nascer, também passou por uma situação de uma gravidez antes do casamento e acabou de alguma maneira sendo obrigada a praticar um aborto.”
O livro de Arbex, embora a base do longa, não foi o único material, pois Ristum fez uma pesquisa densa para criar NINGUÉM SAI VIVO DAQUI. “Fui até Barbacena e conheci o Colônia que hoje é outra coisa, e me conectei com várias histórias locais ali. Visitei o museu, conversei com psiquiatras sobre o contexto da época, assisti documentários, acessei muitas fotos entre as quais as famosas fotos que saíram no Cruzeiro nos anos 60. Mas tudo isso serviu de base para uma construção de personagens ficcionais, mas em conexão com figuras reais.”
Ristum também lembra que o tema do longa, hospitais psiquiátricos, são um ponto de debate até hoje no Brasil, mesmo depois da reforma psiquiátrica de 2001. “É muito importante debater esse assunto que não foi superado, resolvido. O filme traz uma discussão que ainda é, infelizmente, muito atual, mas necessária.”
A ideia de realizar o filme em preto e branco veio da longa parceria com o diretor de fotografia Hélcio Alemão Nagamine pois, para eles, não havia qualquer brilho ou cor na vida daquelas personagens. “O preto e branco é um personagem no filme, como o hospício. Eu não via outra maneira de contar essa historia a não ser em preto e branco. E acho que o pb nos facilitou muitas coisas também do ponto de vista da produção, além de ter um interesse estético por explorar o preto e branco.”
Inclusive, pelo orçamento, Ristum conta que trabalhou com o elenco como se fosse uma cooperativa, quase uma produção teatral, na qual todos os atores vestiam e maquiavam a si mesmos a partir de um conceito. As cenas, rodadas em longos planos-sequência, foram outro elemento que ajudou ao elenco construir seus personagens. “A gente ensaiava bastante já na locação, para já chegar próximo daquilo que era o resultado esperado. E esse trabalho de troca e de colaboração com o elenco foi muito interessante e que trouxe realismo para todo o filme.”