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O Barulho da Noite ⭐⭐⭐⭐⭐

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Eu quis esperar até o último dia de 2023 para pode dizer – e não ser injusto com os outros longas que ainda estavam para ser assistidos – o meu MELHOR FILME DO ANO. 

O Barulho da Noite dirigido por Eva Pereira deve chegar às telonas em alguns meses. Eu assisti em agosto na 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado e, foi uma experiência difícil e arrebatadora. Daqueles filmes capazes de ficar no seu pensamento por meses. 

Como um tema espinhoso, a diretora tocantinense traz um filme indigesto de propósito, para chamar a comunidade para o debate importantíssimo. O Brasil de privilégios desconhece o Brasil marginalizado,  negligenciado e desprotegido. Ou talvez, o conheça bem e só coloque uma venda para que os olhos não vejam o que acontece há anos. 

Na trama Sônia (Emanuelle Araújo) é uma mulher que silencia muitas dores da infância e se sente esquecida e invisibilizada pelo marido, Agenor (Marcos Palmeira), agricultor e folião do Divino Espírito Santo. Pai dedicado e afetuoso, Agenor batalha para dar uma vida melhor à mulher e às duas filhas (Alícia Santana e Anna Alice Dias). Todo ano, em nome de sua fé, deixa a família sozinha no sertão do Tocantins por 40 dias. A chegada do misterioso Athayde (Patrick Sampaio), suposto sobrinho de Agenor, vai transformar a vida da família.*

Divulgação

Um retrato forte e contundente da violência infantil. Um soco na boca do estômago para qualquer espectador com coração. Emanuelle Araújo está incrível e com um papel de destaque que seu talento merece. Patrick Sampaio é uma grata surpresa. Seu personagem exigia um ator que conseguisse transitar nessa dualidade, no misterioso, na dúvida. 

As atrizes mirins (Alícia Santana e Anna Alice Dias) são uma potência. Elas são a alma do filme. O choro, o grito, a tristeza no olhar são dilacerantes. Com atuações digna de grandes medalhões, as pequenas notáveis são o futuro talentoso do nosso país. 

Ao assistir O Barulho da Noite e antes de apontar dedos, procure se informar sobre dados, estatísticas e depoimentos de mulheres que viveram isso. Tenho que destacar aqui o papel de Eva e Emanuelle durante a coletiva no festival. Educadíssimas e firmes na defesa – não só do filme, mas dessas milhares de mulheres que são silenciadas, marginalizadas e esquecidas durante toda uma vida. 

Foi o primeiro filme de Tocantins a ser exibido no Festival de Cinema de Gramado e único nessa edição que homenageava as mulheres do cinema a ser dirigido por uma mulher: no mínimo emblemático. 

Necessário, porém doloroso O Barulho da Noite é o Brasil que não queríamos que existisse, mas que é real, cruel e bem mais perto do que imaginamos. NOTA: 5/5

*A sinopse do longa foi retirada do Instagram oficial do filme. 

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Diogo Bueno

Diogo Bueno

Jornalista. Crítico de Cinema. Roteirista. Colecionador de Funkos e quase EX-Chiquititas.

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