Por muito tempo, fomos ensinados a olhar para fora. Acreditamos que o que vinha de lá era melhor, mais sofisticado, mais digno de prestígio, mais qualificado… Mas algo mudou. Hoje, o Brasil está redescobrindo seu próprio valor, estamos revisitando nosso próprio Brasil.
Nas redes sociais, nos cinemas, na música, na literatura e na televisão, há um novo orgulho em consumir o que é nosso. O público brasileiro, antes tão inclinado a valorizar apenas o que tinha selo internacional, agora celebra seus próprios produtos culturais. Porém evidencio aqui que não se trata de rejeitar influências externas. É reconhecer o que é nosso, nossa qualidade, nosso talento e nossa potência criativa, todos estes elementos, que juntos são capazes de encantar o mundo – e a nós mesmos.
Ainda Estou Aqui
O fenômeno da campanha de Ainda Estou Aqui foi um exemplo claro dessa mudança. O país inteiro se mobilizou pelo filme, transformando o Globo de Ouro de Fernanda Torres e sua corrida pelo Oscar em um evento nacional e em clima de Copa do Mundo, contrariando as ordens de Fernanda.

As redes sociais fervilharam com homenagens e pedidos para que o mundo reconhecesse o que os brasileiros já sabiam: NÓS IRIAMOS SORRIR E SORRIMOS. O Brasil não esperou um prêmio para valorizar o filme – já o havia abraçado antes.
Beleza Fatal
O mesmo aconteceu com Beleza Fatal, claro não nas mesmas proporções de Ainda Estou Aqui. Mas a novela provou que o gênero segue mais vivo do que nunca. O último capítulo pode ser considerado um acontecimento, exibido em telões de bares pelo Brasil e acompanhado por várias pessoas, como se fosse um evento.

As redes sociais se encheram de “lolovers”, fãs apaixonados pela vilã defendida por Camila Pitanga, pela mãe de família Elvirinha Paixão (Giovanna Antonelli) e claro pela mocinha com ares de anti-heroína e até mesmo de vilã Sofia Fernandes aka Júlia Guimarães ou “Zucka” para os íntimos (Camila Queiroz). A novela foi comentando a cada reviravolta, transformando o seu desfecho em um motivo de reunião para descobrir qual seria o final das três personagens aqui citadas.
Conclusão
Esses momentos refletem uma maneira significativa na forma como o Brasil e claro, o povo brasileiro, se vê e se conecta com sua cultura. O país não se torna apenas um espectador passivo das produções internacionais, mas se torna protagonista de suas próprias narrativas- seja por meio de filmes como Ainda Estou Aqui, ou de novelas como Beleza Fatal, ou de tantas outras produções que ainda iremos “descobrir”.
Redescobrir o Brasil vai muito além de consumir entretenimento local, como filmes e novelas. Trata-se de entender que as histórias, as tradições e os talentos brasileiros possuem um valor imenso, equiparando-se a qualquer produção estrangeira. Essa valorização é um processo de resgate, de nossas raízes e de nossa cultura. É um movimento de reconhecimento, de celebração e principalmente de respeito pelo que é nosso.