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O Brutalista escancara podridão do “sonho americano”

Com múltiplos prêmios, O Brutalista é um dos grandes queridinhos da temporada de premiações. O longa traz a história de László Toth, imigrante húngaro-judeu sobrevivente do holocausto. A obra ficcional conta a história do arquiteto que, após a fuga da guerra, chega aos Estados Unidos em busca de uma vida melhor.

Brilhantemente interpretado por Adrien Brody, Toth é a ferramenta perfeita para escancarar a podridão do “sonho americano”. Começando no momento em que ele chega aos Estados Unidos, assim como ao longo de toda a sua trajetória, é possível perceber a diferença do país para estrangeiros. Durante quase quatro horas de filme, acompanha-se a destruição de László conforme ele se aproxima da cultura estadunidense e da alta sociedade do país. Mesmo após todo o sofrimento da personagem ao longo da guerra e em sua fuga e, apesar de todas as cicatrizes que carrega ao chegar em seu novo lar, a mente brilhante do arquiteto encontra sua ruína na sociedade “perfeita”.

O impacto do filme está intimamente ligado ao fato de Toth ser apresentado como um homem gentil, que ajuda o próximo e só quer viver uma vida tranquila. Além disso, logo o “descobrimos” como um artista genial, que se mostra humilde em relação às suas criações, mas também bastante teimoso. Ainda assim, muitas vezes por motivos bobos, vemos cicatrizes cada vez mais profundas sendo criadas. Com a ambição de ser o arquiteto que nasceu para ser, o vemos seguir em frente – somente para ser derrubado mais uma vez. Independentemente de seu talento, gentileza ou proatividade, László é repetidamente descartado, maltratado e insultado, muitas vezes de forma subjetiva – tudo para manter o imigrante em sua coleira imaginária.

Para além do roteiro, O Brutalista apresenta escolhas fortes e uma equipe excepcional

A forma como a produção se apresenta, num geral, é naturalmente um convite à reflexão sobre a sociedade em que vivemos e o rumo que ela está tomando nos últimos anos. Mas, para além disso, é importante destacar algumas questões técnicas que elevam o longa ao patamar de favorito nas principais premiações do cinema. Logo de cara, precisamos estabelecer que O Brutalista é lento, mas não de forma exaustiva. O filme conta com 3 horas e meia de duração, e toma seu tempo para apresentar as situações.

Surpreendentemente, o longa não é tão cansativo quanto se esperaria de um filme tão… longo. O intervalo no meio da sessão ajuda bastante e permite ao espectador um momento para refletir sobre o que já viu antes de mergulhar novamente na trama. Mas, apesar de o ritmo não ser um grande problema na produção, é difícil negar que nem tudo que vimos na versão final precisava, de fato, estar ali. Há cenas que até são interessantes, mas não contribuem muito para a trama.

Por sua vez, o elenco está simplesmente espetacular. Há, de fato, a grande polêmica do uso de inteligência artificial para correção de sotaques, mas aqui vemos algo diferente do que aconteceu em Emília Perez. Em O Brutalista, a IA é utilizada em diálogos extremamente pontuais para corrigir falhas mínimas e aproximar a boa entrega dos atores da perfeição. Além disso, elenco dá vida às personagens, compreendendo e imprimindo suas emoções, desejos e temores com maestria. Adrien Brody, em especial, é brilhante em sua interpretação de Toth e esbanja talento na tela do cinema. Por fim, as decisões de fotografia, direção de arte e montagem são únicas e hipnotizantes. Assim, o diretor Brady Corbet entrega com sucesso uma produção extensa que é capaz de prender o espectador.

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