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O Contador 2, com Ben Affleck e Jon Bernthal, traz bons momentos de humor e ação, mas erra na representatividade neurodivergente

“O Contador 2” acerta no humor e na ação, mas segue pecando na representatividade

“O Contador 2”, estrelado por Ben Affleck e Jon Bernthal, estreou nesta quarta-feira, 24. O filme acompanha o personagem Christian Wolff, que trabalha como contador para mascarar a vida dupla como assassino. No segundo filme ele precisa se reaproximar do irmão para caçar quem matou um velho conhecido.

O longa poderia ser apenas mais um filme de ação, com cenas de luta e explosões. No entanto, O Contador se destaca por trazer para as telas do cinema um personagem diagnosticado com Síndrome de Asperger (SA), ou seja, que está dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

No primeiro filme o espectador é apresentado para a história de Christian e sua família. Ainda criança, ele é levado até um psiquiatra, para que a família possa entender os comportamentos do menino e ajudar no seu desenvolvimento. O filme mostra como a personalidade de Christian se destaca e como ele lida com os acontecimentos da vida.

Síndrome de Asperger

Para quem não acompanhou o primeiro filme, é possível ver no trailer de “O Contador 2” que o personagem de Ben Affleck se mostra metódico, literal em alguns momentos e na busca por criar laços com o irmão. Christian também aparece buscando corrigir o que acredita estar errado em determinadas situações e com rituais ou movimentos repetitivos, como quando o personagem assopra os dedos antes de comer.

Além disso, o protagonista tem um grande foco em números, que é visto na sua habilidade com contas, tem um pensamento rápido e é extremamente habilidoso nas tarefas que se propõe, como a de ser um assassino de aluguel.

As pessoas com Síndrome de Asperger, de acordo com o Ministério da Saúde, possuem algumas das características apresentadas por Christian. Interesses específicos com um tema, problemas de interação social, dificuldades em relacionamentos, registro formal na hora da fala, interpretação literal, entre outros.

O Contador 2, com Ben Affleck e Jon Bernthal, traz bons momentos de humor e ação, mas erra na representatividade neurodivergente

Representatividade?

Com 75% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme recebeu duras críticas pelo fato do protagonista ser muito caricato e reforçar alguns estereótipos comumente ligados às pessoas autistas. Joonatan Itkonen, escritor finlandês e especialista em analisar a cultura POP por uma perspectiva neurodivergente, afirma que “O Contador 2” é, na melhor das hipóteses: “construído sob uma base problemática”.

No Rotten Tomatoes, Joonatan completa sua percepção do filme dizendo que o longa não reflete a realidade e chega a ser cruel. “É uma experiência desagradável e insultuosa que deixou esta pessoa autista profundamente desconfortável”, concluiu.

O diretor do filme, Gavin O’Connor e o ator Ben Affleck, em algumas entrevistas, se defendem explicando que houve um cuidado na construção do personagem. Para o jornal Estadão, em 2016, ano de lançamento do primeiro filme, Affleck afirma que ele e o diretor buscaram ser respeitosos. “Gavin e eu nos encontramos com muitas pessoas no espectro autista, fomos a instituições e fizemos pesquisas”, explica.

“Quem está no espectro autista tem algumas dificuldades, mas também muitas vantagens. Para mim, o filme celebra nossas diferenças e as aceita, observando-as sem julgamentos”, conclui o ator.

Adrian Horton, do The Guardian chamou “O Contador 2” de “um sucesso para ver em casa”. Para o crítico, o filme não é inovador ou brilhante, mas cumpre o que promete ser: “uma sequência questionável”.

O Contador 2, com Ben Affleck e Jon Bernthal, traz bons momentos de humor e ação, mas erra na representatividade neurodivergente

Humor e ação na medida certa

Contraditório ou não, é consenso que existe uma química entre Affleck e Bernthal e que os momentos de ação e humor do filme são memoráveis. Joonatan Itkonen, apesar das críticas à representatividade neurodivergente, elogiou as atuações e cenas de afetividade.

“Queria me lembrar de que bons atores podem fazer filmes ruins, mesmo com as intenções certas. Affleck fez pelo menos parte do trabalho. Ele acerta em cheio nas características, mesmo que sejam exageradas. Bernthal entrega um momento tocante em que expressa a frustração de amar alguém com quem não se consegue conectar no nível que se desejava. Ambos pertencem a um filme melhor e mais humano”, destaca Joonatan para o Toisto.

O crítico de entretenimento Nick Schager, do The Daily Beast, comenta que apesar de se tratar de um filme com uma dupla de assassinos, é possível encontrar “o humor em meio caos e, por isso, a sequência prova ser superior em todos os aspectos”.

Para Owen Gleiberman, da Variety, a sequência só adicionou à história de “O Contador. “Para mim, esta franquia só tinha um caminho a seguir: para cima. E foi exatamente isso, tenho o prazer de dizer, que aconteceu. O Contador 2 é um filme hiperviolento e agradavelmente maluco”, garantiu o crítico de cinema

“O Contador 2” já está nos cinemas de todo Brasil. Confira o trailer:

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