O que você faria se o mal que consegue sentir seus maiores medos estivesse à solta e você é apenas um simples fazendeiro sem grandes opções? O Mal que nos Habita, filme que estreia dia 1º de fevereiro é uma obra argentina de puro suco do terror de qualidade. Com quase 1 hora e 40 de duração, o filme te entrega uma história envolvente e cheia de detalhes a serem observados.
Este texto tem a obrigação de não deixar você, que o acompanha, achar que o filme pode ter baixa qualidade de efeitos por ser uma produção sul-americana. Mesmo o ponto alto de O Mal que nos Habita ser seu roteiro muito completo e desafiador para aqueles viciados em decifrar nós, a maior surpresa é a qualidade dos efeitos utilizados. O filme não mostra o menor medo em mostrar cenas de arranhar os braços da cadeira e morder os lábios por conta da aflição, nem mesmo de matar personagens que aparentemente seriam importantes para o desenrolar da trama.
O sentimento claustrofóbico de ficar sem opções para fuga se mistura à aversão pelas ações tomadas pelo personagem de Ezequiel Rodríguez. Pedro! Como um homem do interior e com um passado que indica problemas com violência e a polícia, ele não é o tipo de personagem que toma as decisões mais inteligentes ou que sabe se explicar com grande leque de possibilidades. Isso permite aos roteiristas adotar estratégias que reduzem qualquer chance de esperança que Pedro e seu irmão Jimmy possam ter ao tomarem rumos dentro da história. Este tipo rumo tomado pela história deixa os próprios espectadores em desconforto por também tentarem achar uma saída ou solucionarem os mistérios e se enterrarem cada vez mais em dúvidas.
O Mal que nos Habita é um terror muito consistente e, de forma surpreendente, consegue fechar todos os seus ciclos – até mesmo aqueles que nós espectadores esqueçamos de alguma forma. Sem medo de entregar cenas de violência, o filme as faz com uma qualidade incomum para os filmes do gênero; ainda sem precisar de jumpscare ou sustos bobos para dar a sensação de terror. Por fim, a atmosfera de suspense e a incerteza da possibilidade de o mal estar sempre ao seu lado (ou despertar o mal que está dentro de você) torna o filme parte daquela seleta gama de produções de terror que valem cada centavo do seu ingresso (e pipoquinha!)
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