Seria eufemismo por parte de Oppenheimer negligenciar o papel do pai da bomba atômica em uma catástrofe generalizada como a de Hiroshima? De acordo com James Cameron, responsável por grandes obras como Titanic e Avatar, é uma grande desculpa moral.
Oppenheimer foi o diretor científico do Projeto Manhattan. Este, responsável pelo desenvolvimento da bomba atômica, utilizada nos ataques a Hiroshima e Nagasaki. Nada mais justo, então, evidenciar através da obra cinematográfica seus impactos. É, mas não foi bem assim.

De acordo com James, Christopher Nolan se acovardou perante a real versão dos fatos.
“Sim, é interessante o que ele evitou. Olha, eu adoro a direção do filme, mas senti que foi um pouco uma desculpa moral. Porque não é como se Oppenheimer não conhecesse os efeitos”, declarou ao Deadline. “Ele tem uma breve cena no filme em que vemos — e eu não gosto de criticar o filme de outro cineasta — mas há apenas um breve momento em que ele vê alguns corpos carbonizados na plateia, e então o filme continua mostrando como isso o comoveu profundamente. Mas eu senti que ele fugiu do assunto. Não sei se o estúdio ou o Chris acharam que isso era um problema que eles não queriam abordar, mas eu quero ir direto ao ponto”, alegou.
Oppenheimer ultrapassa a ficção e a moralidade
Com uma história que mergulha na complexa mente de J. Robert Oppenheimer, a trama aborda sua trajetória desde sua tenra juventude como cientista até a liderança do projeto que levaria a criação das bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial. Com uma constante oscilação entre passado e presente, a história se molda mediante os olhos do espectador, revelando os dilemas morais por trás dessa construção histórica e cinematográfica.

Traz consigo uma assinatura clássica de Nolan, a não linearidade, a trilha sonora de teor intenso e o uso de IMAX e efeitos repletos de emoção, onde a imersão é quase obrigatória para a história que ultrapassa suas 2h30 de duração. Assim, indo além da desgraça velada, temáticas que tratam de conflitos internos, consequências políticas, principalmente durante a Guerra Fria, mostram uma história já conhecida que impacta aos olhos, mas talvez não totalmente como deveria, levando, portanto, ao questionamento: A imposição de cenas que chocam e traumatizam em excesso para retratar a realidade são verdadeiramente a melhor forma de se fazer cinema?