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Orfeu Negro: o Oscar do Brasil que ficou com a França

Orfeu Negro é um dos casos mais emblemáticos da história do Oscar, especialmente para o Brasil. Lançado em 1959, o filme dirigido pelo francês Marcel Camus foi uma adaptação da peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes e ambientado no Rio de Janeiro durante o Carnaval. A produção ganhou uma estatueta dourada décadas antes de Ainda Estou Aqui, mas os créditos foram para a França.

Com um elenco majoritariamente brasileiro, o filme trouxe para as telas uma releitura do mito grego de Orfeu e Eurídice, inserindo-o na cultura e no cenário vibrante das favelas cariocas. Apesar de sua forte identidade brasileira, Orfeu Negro chegou no Oscar pela França, país que financiou a produção. Isso porque a principal produtora foi a francesa Dispat Films, em participação maior do que a italiana Gemma Cinematografica e do que a brasileira Tupan Filmes. O produtor responsável foi Sacha Gordine (1910-1968), francês de origem russa.

Orfeu Negro

As regras da Academia impediriam os créditos brasileiros

Conforme explica a BBC, as regras da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, responsável pela premiação, o crédito oficial de um filme é da produtora com maior participação na realização do projeto. No caso de Orfeu Negro, essa produtora era francesa, o que explica por que a inscrição na competição ficou a cargo da Dispat Films.

Um exemplo similar ocorreu com O Beijo da Mulher Aranha, lançado em 1985. Dirigido pelo argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco (1946-2016), o longa, de idioma inglês e com um elenco internacional, sempre é mais associado ao cinema americano do que ao brasileiro. Como se tratava de uma produção em parceria entre Brasil e Estados Unidos, o filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme em 1986, representando os Estados Unidos — mas não levou a estatueta.

O elenco contou com atores brasileiros, incluindo Breno Mello (1931-2008) no papel do protagonista Orfeu. Já Eurídice ganhou vida com a norte-americana Marpessa Dawn (1934-2008). O filme também trouxe participações especiais de nomes como Tião Macalé (1926-1993) e Cartola (1908-1980). No filme, Léa Garcia vive Serafina, personagem que lhe valeu uma indicação ao prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes.

Léa Garcia como Serafina em Orfeu Negro

O impacto da obra foi imenso, a ponto de o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mencioná-la em seu livro de memórias Dreams From My Father. Além disso, o artista plástico Jean-Michel Basquiat (1960-1988) citou Orfeu Negro como uma de suas primeiras influências.

Premiações de Orfeu Negro

Em 1960, venceu a categoria de Melhor Filme Estrangeiro (atualmente chamada de Melhor Filme Internacional), tornando-se o primeiro filme falado em português a conquistar essa estatueta. No entanto, a vitória veio com controvérsias, pois, embora o Brasil estivesse representado na tela, o reconhecimento oficial ficou com a França, deixando de fora o reconhecimento brasileiro e também o italiano.

O filme teve grande impacto internacional, sendo premiado também com a Palma de Ouro em Cannes e com o Globo de Ouro, ajudando a popularizar a bossa nova no exterior, com uma trilha sonora marcante assinada por Antônio Carlos Jobim e Luiz Bonfá. Ainda hoje, Orfeu Negro figura como um exemplo de como o cinema brasileiro pode brilhar no cenário mundial, mesmo quando não recebe o devido crédito.

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