Com diversas indicações a prêmios e incríveis dois globos de ouro, Os Rejeitados é o drama cômico que tem tomado as conversas sobre cinema nos mais diversos âmbitos. A Black Company teve acesso ao filme e traz para vocês em primeira mão as impressões sobre este longa (e bota longo nisso) dirigido por Alexander Payne.
Tendo conquistado mais de uma dezena de prêmios em 2023, Os Rejeitados é um longe que acompanha um grupo de alunos que precisará passar seu recesso de Natal no internato da Barton Academy junto ao professor mais resistente e repudiado de toda a comunidade escolar. Paul Hunham (Paul Giamatti) é um amargurado professor de história que aprofunda o conhecimento em povos antigos nas suas aulas. A forma impassível do professor pode gerar alguma empatia nos primeiros minutos, porém logo já a joga fora por conta de seu comportamento repulsivamente inflexível e a maneira desumana como trata seus pupilos.
O filme tem tempo (e muito) para desenvolver seus personagens, desde os principais até aqueles com pouquíssima relevância. Por isso, o Sr. Hunham tem direito a um dos arcos mais detalhados dos últimos tempos no cinema. Acompanhado de uma ótima atuação (digna do Globo de Ouro), o personagem gera raiva, emociona, decepciona e, por fim, empatia na pessoa que assiste. Explico aqui ainda o motivo de não usar “público”, mas sim, “pessoa que assiste” pois a sensação é de uma intimidade e proximidade enormes com as histórias e backgrounds de cada personagem.
Paul, o professor, Mary Lamb (Da’Vine Joy Randolph – Globo de Ouro como melhor atriz coadjuvante), a mãe enlutada, e Angus (Dominic Sessa) são holofotes uns dos outros neste revezamento de importantes decisões para o arco de cada personagem. Angus, o adolescente que gostaria de uma família, aprende que nem tudo precisa ser resolvido sozinho e que ele pode confiar em (alguns) adultos. Apesar do que pareceu pouco espaço para brilho, Da’vine Joy Randolph aproveita cada brecha para entregar uma atuação de conquistar e partir corações.
Os Rejeitados e sua LONGA caminhada
Em mais de duas horas de filme, Os Rejeitados toma passos curtos e calculados para apresentar, construir e desenvolver os arcos de cada um dos personagens. Isso pode ser um problema para quem gosta de um ritmo mais marcado e acelerado, já que cada mudança demora muito a acontecer. Angus e Hunham representam uma bonita (e por bonita entende-se complexa) de “pai e filho” enquanto figuras que representam características importantíssimas na compreensão de mundo e desenvolvimento pessoal de cada um.
Já Mary, mãe de um filho morto na guerra, se apresenta como mediadora e alguém que pode enxergar toda a situação “de fora” daquele tumulto todo que acontece em Barton diariamente. Seu sofrimento traça um paralelo não apenas com a dor de quem perde um ente querido para a guerra na vida real, como reforça a necessidade de compreensão por parte de todos à volta. Cada detalhe conta nesta trama que arranca risadas e, logo em seguida, atinge o coração; o longo tempo do produto final se traduz numa transformação de todos os personagens de forma suave e orgânica, não precisando recorrer a métodos drásticos ou “milagres do poder da amizade” para isso.
Os Rejeitados não é um filme para todo mundo. Isso é claro. Contudo, ele abrange uma gama interessante de assuntos e formas de comunicar suas intenções. Isso entrega para os espectadores uma obra que conquista (não à toa foi digno de inúmeras indicações) a atenção por mais de duas horas sem cansar ou deixar qualquer um impaciente. Este filme de época critica, ensina, afaga e diverte em um enredo sem nós, apenas um pouco tortuosos!
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