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Pobres Criaturas

Pobres Criaturas – uma Bella leitura do crescer

O que você acha que Pobres Criaturas pode ser ao ler a descrição? Um típico Dr Frankenstein coloca o cérebro de uma recém-nascida no corpo de sua mãe adulta, a rápida evolução cognitiva para se adaptar ao corpo chega ao estágio do gosto pela liberdade e a liberdade vem vestida de um advogado sedutor. Nada muito diferente de um filme padrão Disney, certo? Pois é aí que você se engana. Indicado em inúmeras categorias ao Oscar, o filme reinventa a forma de se contar uma história de amadurecimento e descoberta do mundo.

De maneira complexa e intrigante, Pobres Criaturas traça um paralelo entre o ético, o moral e o prazeroso dentro de uma personagem que não conhece nem um dos três conceitos. Num encantador e surpreendente tear, os formatos narrativos paralelos tornam-se um só tecido com linhas ásperas e rudes como couro fresco posicionadas de forma transversal a outras macias e reconfortantes como algodão. Esta escolha de roteiro não só tende a explicar de diferentes (e complementares) formas, mas também envolvem quaisquer espectadores num emaranhado muito mais do que apenas prosístico que se desenleia apenas ao final da obra.

Pobres Criaturas

Pobres Criaturas – a odisseia do amadurecimento

Enquanto alguns poucos podem desfrutar de uma educação completa, acompanhada de pais presentes e supervisão psicológica que ajuda a esclarecer alguns mistérios da vida, a maioria não compartilha da mesma possibilidade. Adicione a isso ser criada por um cientista (que também foi criado por um cientista) que representa o suprassumo do ceticismo e falta de emoções. O descobrimento do mundo passa por estágios muito específicos do desenvolvimento abstrato e concreto, porém na falta de um, o outro acaba por desestruturar a capacidade de tomada de decisões. Bella Baxter (Emma Stone), personagem principal e brilhante estrela deste enredo, representa como um indivíduo imaturo e completamente empírico pode acabar experimentando o mundo. Sem conhecimento das malícias inerentes à natureza humana (discutível, mas muito bem representadas no filme) Bella se encontra numa aventura pelo mundo, durante a qual acaba aprendendo – por bem ou por mal – regras báscias da vida em comunidade e caminhos que não devem ser seguidos com tanto afinco quanto o que inicialmente parecem valer a pena.

O filme se concentra em revezar as inúmeras formas que encontrou de contar a mesma história. Seja mudança das cores, luminosidade, diálogo, figurino ou até mesmo nos estranhos que permeiam a vida de Bella. Críticas e referências aos estereótipos e heróis/heroínas que criamos na infância e “matamos” na entrada da vida adulta também são muito explícitas nessa romantização do amadurecimento da vida.

Pobres Criaturas

Para quem busca mais

O filme, que se estende por duas horas e vinte minutos e dividido em vários atos muito bem separados, nos leva a pensar sobre inúmeras situações e pessoas de nossas vidas. As inúmeras indicações ao Oscar são válidas, principalmente ao de melhor atriz principal, com Emma Stone! Além deste texto você também encontra conteúdo mais aprofundado e uma boa discussão sobre este incrível filme no nosso programa que estreia dia 1 de fevereiro no nosso Spotify e Yotube! Ele conta com a crítica de cinema Maria Tosin do nosso querido Loop Out Cast! O filme vale sim o seu ingresso, porém com um pequeno twitst. Se você é daquele tipo de consumidor que prefere o cinema para puro entretenimento e diversão, o filme não é para você. No entanto, se você busca uma obra provocativa e que exige esforço mental para acompanhar todas as nuances, aí sim, esse filme é perfeito para você. Vale lembrar que o filme conta com cenas explícitas e não é um filme para crianças! Pobres Criaturas é o perfeito filme da Disney para adultos!

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