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Poor Things – A verdade por trás da liberdade

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Mente o homem o qual nunca pensou, em seu mais tenro desejo, resetar seu próprio espírito e pensamento, começando literalmente da infância, mas com seu corpo ainda sendo o mesmo. Poor Things (2024), ganha as telas do cinema com essa premissa, trazendo a liberdade e a ingenuidade como armas cruciais na busca pelo conhecimento próprio e do mundo.

A TRAMA

Dirigida por Yorgos Lanthimos e produzido por Emma Stone, também protagonista do longa, temseu conteúdo baseado no livro de Alasdir Grey, que utiliza referências claras de Frankestein (Mary Shelley) para fundamentar a temática criação e criatura, e a extrema percepção do homem como Deus. 

Com uma história contada durante a Era Vitoriana, acompanhamos Bella Baxter (Emma Stone) voltar à vida após se jogar de uma ponte, graças a um transplante de cérebro feito pelo doutor Godwin Baxter (Willem Dafoe), que utiliza do próprio filho da mulher, ainda em gestação, trocando seu cérebro pelo do feto no intuito de fazer com que ela abandone sua identidade antiga e assuma uma nova vida, sem anseios ou experiências, puramente disponível as suas análises.Mediante tamanha falta de ortodoxia, a jovem supera todos os critérios que o médico parecia alimentar para dar segmento aquele projeto, apresentando um desenvolvimento impressionante de suas habilidades cognitivas. Com o intuito de vigiar cada passo daquela experiência fascinante, trás um de seus alunos mais brilhantes para que a monitore constantemente, enquanto o desejo de liberdade de Bella cresce a cada dia, mesmo ainda não possuindo discernimento do que aquilo se trata. Isso não dura muito, decidindo que acompanhará o desconhecido homem que surge na sua casa em uma viagem de descobrimento pelo mundo, fugindo rumo a Lisboa.

A AMBIENTAÇÃO

Num jogo constante de cores, formas caricatas e exageros, observa-se na produção de Pobres Criaturas uma pegada semelhante as observadas nos filmes de Tim Burton (1958), fazendo o telespectador se questionar, num primeiro momento, se realmente não se trata de um filme que possui algum tipo de influência do diretor. Brincando com a perspectiva do preto e branco e o colorido, enxergamos num primeiro momento uma obra sem cor, sem exageros, aludindo à visão da personagem sobre o mundo, já que ainda estava em suas primeiras fases de desenvolvimento, sendo o mundo em preto e branco. 

Numa segunda fase, já com paladar e mentes aguçados, as cores tomam forma, trazendo paletas que se complementam em tons alegres e eufóricos.Elas levam quem está do outro lado da tela a entender as cores do filme como uma ótica otimista e alegre de se enxergar o decorrer dos fatos. A perspectiva da própria Bella, torna o jogo de cores uma resposta sutil àquilo que se passa emocionalmente com a personagem, adquirindo tons soturnos quando o roteiro demonstra necessidade, atrelando interpretação e ambientação de forma impecável.

SOCIEDADE E LIBERDADE

Tratando o sexo com naturalidade, o telespectador se vê em meio a uma aventura junto ao jogo de câmeras, que trazem essa perspectiva de uma busca constante por experiências e vivências, mesmo que no menor alimento que a protagonista coma. A inocência assume um papel oposto à singela delicadeza da ignorância, trazendo uma mulher sábia, mas que desconhece as questões básicas da vida.

Envolvida com homens que parecem querer seu corpo como um território, traça caminhos independentes, descobrindo sexualmente a liberdade de ser mulher, mesmo em um panorama vitoriano. Completamente imune ao senso comum da sociedade educada, torna axiomas questionamentos válidos, de forma genuína entendendo os princípios de liberdade, prisão e o entristecimento do ser humano à medida que este toma consciência do seu eu e do seu meio social. 

O papel masculino aqui é trabalhado em cima de papéis extremamente comuns na sociedade clássica. São encontrados no filme: o reflexo do pai protetor, do marido que tenta ser descontruído, do homem que enxerga a mulher como objeto e da marginalização de certas profissões no meio geral, usando de empregos considerados imorais como a principal arma de suas descobertas.

CONSIDERAÇÕES

Poor Things é uma obra que merece reconhecimento, trazendo através de perguntas ingênuas e comuns do dia-dia um novo panorama do que são certas questões já enraizadas, quebrando o paradigma do conceito criador e criatura, demonstrando o auge da capacidade humana em descobrir através da experimentação e a importância de vivenciar o mundo que nos cerca. Num mergulho intimista, se afeiçoar pela personagem é uma tarefa extremamente fácil, tomando decisões que facilmente poderiam ser tomadas pelo próprio espectador, mesmo quem em um primeiro momento pareçam absurdas, mas que não poderiam ter sido pensadas de outra forma para Bella.

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Helena Mota

Helena Mota

Redatora, Cientista Social em formação, Jornalista em construção, poetisa e escritora nas horas vagas. Amante da cultura clássica, filmes cult e o conhecimento como forma de edificação.

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