Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Resenha: “Nó” e as batalhas silenciosas das mulheres

Glória pega no sono enquanto incensa a nova casa, dorme no chão mesmo, sendo acordada pelas três filhas – que deveriam estar na casa do pai. O peso das jornadas da protagonista se acumula a cada cena logo no início de “Nó”, filme dirigido por Laís Melo que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (16/10). O longa-metragem estreia premiado: levou Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Filme pelo Júri da Crítica no Festival de Cinema de Gramado.

“Nó” traz as diferentes lutas das mulheres da classe trabalhadora, centradas – mas não exclusivamente – em Glória. A personagem é interpretada por Saravy, que assina o roteiro com a diretora. A protagonista, recém separada, se sente sozinha tentando educar as filhas e equilibrando os desejos das garotas, como um estudo pago, com suas limitações, tanto financeiras quanto de tempo. Tenta aproveitar pequenos momentos com as amizades, mas não consegue aceitar ajuda.

Quando surge a oportunidade de passar por um processo seletivo no trabalho, ganhando mais, mas competindo com as amigas, a pressão aumenta. Ao ponto do corpo de Glória responder o que ela não consegue verbalizar. Glória se agarra a cada momento de solidão ou pouco tempo livre, mas isso não é o suficiente para equilibrar a exaustão.

O roteiro integrou o Selo Elas 2023, uma iniciativa da ELO Studios que surgiu para fomentar o cinema feito por mulheres e promover equidade de gênero no audiovisual. O longa é produzido pela Grafo Audiovisual e distribuído pela ELO. O resultado é um filme plural que destaca o preço de ser uma mulher forte o tempo todo, sem receber o devido apoio.

Angústias e afetos

O longa constrói uma personagem complexa e muito bem interpretada por Saravy. O elenco como um todo entrega uma história viva e dinâmica, fácil de adentrar no universo de “Nó”. Os temas atuais se entrelaçam bem, ainda que, por vezes, poderiam ser melhor aproveitados em cena. As amizades e a tensão da disputa pelo cargo na empresa, que resultam numa importante discussão sobre apoio entre mulheres trabalhadoras, merecem mais destaque. Alguns momentos ficam deslocados ou muito sussurrados, mas que logo retomam a narrativa em sua potência.

O filme acerta nos enquadramentos e tem uma fotografia notável, construindo cenários imersivos e enriquecendo a história. O universo de “Nó” explora vivências femininas evitando estereótipos enquanto mantém uma narrativa interessante e aposta numa metáfora simples, ainda que aparecendo pouco, para destacar a importância de lutas individuais serem compartilhadas com afeto.

Texto por Brunow Camman

Cartaz Oficial | Divulgação
Apoie o nosso Projeto através da chave pix: contato@theblackcompany.com.br
ou com QR Code abaixo:
upload de bloco de imagem

Siga a Black nas redes sociais: https://beacons.ai/blackcompanybr

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *