Dirigido pelo mineiro Ricardo Alves Jr e com roteiro assinado por Germano Melo, o longa-metragem “Tudo O Que Você Podia Ser” estreia no dia 20 de junho e traz para os cinemas brasileiros um drama com toques de comédia sobre a vivência LGBTQ+.
O filme acompanha o último dia de Aisha (interpretada por Aisha Brunno) em Belo Horizonte. Antes de se mudar para São Paulo, ela se despede das amigas Bramma (Bramma Bremmer), Igui (Igui Leal) e Will (Will Soares) com um dia repleto de acontecimentos rotineiros, que vão desde um passeio pelas ruas da cidade até uma noite agitada na balada.
“Tudo O Que Você Podia Ser” é marcado pela simplicidade – no melhor sentido da palavra – e naturalidade, uma vez que a narrativa usada lembra mais um documentário que uma ficção. Isso se deve ao bom trabalho de direção e uso constante de diálogos “improvisados”.
A ideia é reforçada por dois fatores: o som ambiente sempre presente e característico, com vozes ao fundo, crianças brincando e carros passando. E pela câmera, que atua quase como uma quinta amiga, acompanhando o dia das amigas, sempre à espreita e se movimentando junto das personagens. Ambos os elementos contribuem bastante para a imersão na história.
Desde os primeiros segundos, o filme apresenta situações cotidianas de forma tão vivaz que é difícil não imaginar que aquilo está realmente acontecendo. Cenas como Aisha visitando o irmão e brincando com o sobrinho, Igui conversando com a mãe por telefone enquanto come pitanga, Bramma se emocionando ao falar com sua terapeuta sobre o diagnóstico de HIV, e as quatro amigas comendo cachorro-quente depois de saírem da balada transbordam em naturalidade e com certeza dão muito corpo a trama.
Importante dizer que por causa da veia naturalista do filme, ele acaba em vários momentos, tendo um ritmo mais lento, com diálogos e cenas longas, fator esse que pode não agradar parte do público. “Tudo O Que Você Podia Ser” pode ser descrito como um filme de apreciação, onde o espectador é convidado a vislumbrar um recorte da vida como ela é: simples, tranquila, engraçada e por vezes dramática.
Embora tenha suas falhas, como os diálogos não muito convincentes (os roteirizados, não os improvisados) e pouca preocupação estética, o filme é um retrato sensível e grandioso da busca pela felicidade, liberdade e pertencimento, que coloca como protagonista o olhar das personagens perante a vida.