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V for Vendetta – Do dia 5 de Novembro ao poder do povo

Nenhuma máscara parece suficiente para esconder a repressão. Nenhuma palavra parece suficiente quando se mata, tortura e expõe. V sem dúvidas fora um ideal. V era você, eu, seus tios, sua família. V era um desejo, um sentimento. V era um trem repleto de fogos, uma explosão de ideias e lutas.

A HISTÓRIA

V FOR VENDETTA (2006) é uma adaptação da HQ que leva o mesmo nome, criada por Alan Moore. Numa Inglaterra totalitária, tem-se a criação e introdução do anti-herói V, como figura disposta a defender Evey (Nathalie Portman), em uma perseguição desta por um grupo de homens durante a noite. Logo após, tem nela uma aliada para finalmente derrubar o governo de Satler (John Hurt), em uma ressignificação fantástica de todo o regime totalitário criado desde então na Inglaterra. 

TEMÁTICAS POLÍTICAS E SOCIAIS DA OBRA

Irremediavelmente, sob a promessa de uma cura mundial, a introdução do vírus promove lucro à indústria farmacêutica estatal, já que esta era a única capaz de prover uma resolução para o vírus, sendo tudo friamente arquitetado em um plano com diversas nuances. Configurando uma crítica ao Tatcherismo (Ideologia neoliberal inglesa na qual privatizações são feitas pelo Estado que sucateia empresas estatais e as vende por preço irrisório), observa-se também referências a questões mais abertas, como a máscara da personagem que é uma nítida homenagem a Guy Fawkes, revoltoso que integrou a revolta da pólvora, no dia 5 de novembro.  Tantas críticas parecem estar entrelaçadas, dando abertura, à medida que a trama avança, a uma quantidade cada vez maior de perguntas. Seja por cada rosa um sinal de morte iminente, ou a cada filme e referência um novo conceito social bordado, é fato o entendimento do resultado de um regime totalitário para homossexuais e judeus, apresentada em uma cena da tortura e morte de um personagem que detinha em seu poder coisas capazes de o incriminar como ambas as denominações.

O MEDO COMO ARMA PARA A VITÓRIA

Seja por medo ou esperança de um mundo melhor, entender o silêncio da população é entender como uma arma política, quando bem utilizada, consegue vencer maiorias. Seja o controle através do medo da morte por mais pandemias semelhantes à anterior, seja por medo de ser morto na rua ou simplesmente ser calado, V for Vendetta traz consigo o desenvolver gradativo do apagamento social. A mídia, primeiro ponto a ser afetado, passa a produzir propagandas favoráveis ao regime, demonstrando as belezas que aquela sociedade só seria capaz de ter com a ajuda destes. Somente com tais líderes o mundo seria capaz de estar a salvo das futuras ameaças que espreitavam. 

EVEY E A LIBERDADE

Metaforicamente, entender Evey e sua participação na história é compreender o conceito de liberdade e todas as suas aplicações. Nada pode um homem sozinho, e de fato, V encontra na personagem de Nathalie um braço para a revolução que se formava. Utilizando de forma extremamente romântica e artística, percorre em busca de todos aqueles que estiveram por trás de seu passado e da formação daquela sociedade, trazendo consigo a negação e reconhecimento do Estado atual como forma superior de governo, revelando a todo momento o aspecto anarquista do anti-herói. Usando de suas rosas, traz um sinal único a todos que marcaram seu passado, deixando para o final uma grande lembrança do que fora V.

“Lembrai, lembrai do cinco de novembro. A pólvora a traição, o ardil. Por isso não vejo como esquecer uma traição de pólvora tão vil.” 

V DE VINGANÇA E A RELAÇÃO COM A CONTEMPORANEIDADE

Questiona-se, porém, a sociedade atual que tanto admira essa obra, sua capacidade de envelhecer como vinho, sendo prova viva e literária de eventos que viriam a ocorrer. Seja o Brasil reflexo político da obra em certos momentos, seja a indústria farmacêutica como principal protagonista, a criminalização constante daa homossexualidade e a repressão contra judeus, Alan Moore, em seus pensamentos mais soturnos durante a criação do HQ, foi capaz de acertar precisamente diversos eventos sociais que este jamais imaginaria serem possíveis em vida. Revelando assim a capacidade de distopias adquirirem forma quando se trata do Brasil e do mundo contemporâneo. 

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