Zona de Exclusão - Qual a verdadeira exclusão?

Zona de Exclusão – Qual a verdadeira exclusão?

Os números correm numa metáfora constante do tempo que passa ligeiro, mas friamente contado pelos segundos que persistem como em uma eternidade. Na Europa de 2021 o tom preto e branco assola um sentimento de caos e vazio, como as flores que murcham no jardim de esperanças que já não parecem se fundamentar, alheio a uma grande zona de exclusão. O cotidiano assume sua verdadeira face; sem cor, sem vida. Existe ali, um bom dia para se guardar?

Quais os riscos de se estar presente? – Sinopse

A psicóloga Júlia tem toda sua vida transformada após presenciar acontecimentos dramáticos na fronteira de Belarus, quando havia se mudado para Podlasie, na Polônia. O risco que a persegue pelas falhas curiosidades da alma e dos olhos fazem com que se junte a um peculiar grupo que ajudam refugiados acampados na longa floresta da região. Em seus olhos, a marca do que assola seus verdadeiros princípios da vez, em simultaneidade, a fraude política e enganação, quando nesse mesmo tempo de narrativa uma família síria foge da guerra civil junto ao seu professor afegão, rumo às fronteiras da União Europeia. Como nada é por acaso e grandes caminhos tendem a se juntar, seja na realidade ou nas telas cinematográficas, o destino arma todo seu cenário para em uma cena fantástica, uni-los a Julia e ao jovem guarda de fronteira Jan.

Zona de Exclusão – Onde há esperança, há força

Os caminhos da guerra são longos, mas seus rastros que perseguem como fogo eterno são cicatrizes que marcam. A busca pela vida melhor longe de toda retaliação soa como um fio de esperança, observando as nuances da felicidade da família que percorre todo um caminho único em busca de paz. Dessa forma, numa longa jornada até a Suécia, a família protagonista se molda sobre a necessidade de estar junto ao irmão da mãe, que os aguarda em segurança longe de toda tormenta e retaliação.

Sobre as fronteiras de sangue e lágrimas, corpos se arrastam desesperados junto aos filhos na lama, passando por contenções que supostamente levam a liberdade. Com um trabalho de áudio extremamente inteligente e sagaz, o choro persiste em toda a cena de vitória com a chegada a Polônia, aludindo ao desejo interno de desespero, alívio e felicidade. Mas sempre é demais considerar dias de felicidade como algo permanente.

Os pés queimam sob o peso dos corpos cansados, mas a devoção a Allah jamais é renegada, num corte sobre a fé e cultura de seu povo. Em cenas extremamente agoniantes, onde a criança chora compulsivamente mediante os medos e desconfortos da jornada íngreme e repleta de desafios do grupo, a voz rouca e cansada da mulher do Ocidente faz com que finalmente as lágrimas de seus companheiros de viagem possam ser libertas, quando em seu colo, o choro cessa e a paz toma a incerteza. Mas o incerto ainda corrompe o peito da mesma maneira que dilacera suas feridas.

Os lados de uma mesma moeda e as fronteiras da própria cultura – Zona de Exclusão

Trazer consigo uma perspectiva que abrange ambos os lados de um mesmo cenário, convida ao espectador para refletir sobre nuances não pensadas em uma única ótica. As palavras atribuem formação de caráter em personagens que soam como conchas vazias em seu próprio discernimento, sem qualquer capacidade de senso crítico sobre suas próprias conclusões. Violência e repressão são justificadas com mentiras, e as realidades confrontadas no tártaro de sua própria existência. Quanto vale uma vida? Isso depende de qual lado ela está? Qual é a verdadeira zona de exclusão?

ZONA DE EXCLUSÃO é um drama distribuído pela A2 Filmes. Sua direção conta com Agnieszka Holland, e seu roteiro traz nomes como Agnieszka Holland, Maciej Pisuk, e Gabriela Lazarkiewicz. Sem dúvida, sua necessidade mediante os cenários que consomem o mundo contemporâneo é um fator que retrata o filme como extremamente pertinente, convidando o espectador a uma reflexão de um outro lado da moeda, uma outra visão fora de seu próprio âmbito.