A primeira edição de Absolute Batman já chega mostrando a que veio para o leitor. Logo de início, a história apresenta algumas das características clássicas sendo alteradas em uma interessante releitura, que é justamente o que será proposto em toda a linha de quadrinhos Absolute.
Atenção: a crítica a seguir contém spoilers, e abrange apenas o primeiro capítulo, logo os fatores comentados podem se estender ou não para os demais conteúdos que serão publicados.
As surpresas de Absolute Batman já começam com a introdução, que ao invés de apresentar o protagonista, a história opta por começar com Alfred. Além disso, seu papel nesse universo é bem diferente do habitual. Aqui, nós vemos um mercenário que está voltando para Gotham, em uma caça à Bruce Wayne, ao mesmo tempo que analisa o novo grupo que assombra a cidade, mas por algum motivo ainda não revelado, não pode interferir com eles.
O passado militar de Alfred já foi comentado algumas vezes, mas nunca houve uma exploração mais profunda do tema, e rapidamente já podemos ver como irá funcionar essa dinâmica. Ao invés de um mordomo que representa uma figura paterna para Bruce, aqui nós vemos uma rivalidade, que contrasta a juventude de um com a experiência do outro. Vale destacar que Alfred não é um vilão, o que pode indicar que eles irão se unir em futuras edições.
Se tratando dos vilões, aqui temos um novo grupo chamado de “Party Animals”. Ainda não foram dados muitos detalhes sobre suas motivações, mas conseguem trazer o impacto de sua existência, mostrando a crueldade de seus crimes e como isso tem afetado Gotham. Uma estratégia já conhecida mas funcional que foi usada aqui é mostrar como o novo grupo rapidamente já se mostrou superior a figuras já conhecidas do universo do herói, tais como Falcone e Maroni.
Eu pessoalmente sempre acho uma boa iniciativa quando criam novos vilões ao invés de usarem os já conhecidos, e como a proposta da linha Absolute é justamente criar novas dinâmicas, funciona muito bem. Dessa busca por novas figuras surgiu a excelente história “A Corte das Corujas“, que é justamente de Scott Snyder, mesmo autor de Absolute Batman.
Agora se tratando do Batman diretamente: confesso que achei um tanto exagerado no quão grande ele foi desenhado. Não que ser grande seja um problema, até porque combina bastante com a brutalidade que o personagem usa aqui, mas sinto que poderia ser um pouco menos robusto. Apesar de ainda continuar optando por um combate não letal, os leitores podem lembrar muito da figura que foi apresentada nos arcos de “Cavaleiro das Trevas“, de Frank Miller.
Meu maior incômodo até o momento é justamente a falta de elementos que compõem a premissa mais interessante desse universo: como o Batman irá resolver seus problemas sem um suporte financeiro infinito e sem uma variedade de equipamentos? Apesar de mostrar que ele não tem essa origem bilionária, ainda senti que ele tinha muitos recursos narrativos que são mais condizentes com a primeira origem do que a atual, mas é algo que eles ainda podem trazer mais detalhes no futuro.
Absolute Batman brinca de forma muito inteligente com as características fundamentais do morcego, deixando pontas interessantes que, se bem exploradas, podem render excelentes histórias no futuro. No entanto, deve-se tomar cuidado com os obstáculos que foram previamente estabelecidos para o personagem, que precisarão de saídas inovadoras para contorná-los.