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Alto Knights: Máfia e Poder – Certas coisas nunca mudam

Com o passar dos anos – e ainda mais na última década e meia, com o advento das redes sociais –, é comum que cheguemos à vida adulta e acabemos encontrando alguém que fez parte da nossa infância e juventude, mas que o destino se encarregou de traçar caminhos totalmente opostos até que se encontrassem novamente graças a um “amizades sugeridas” no Instagram ou numa cotidiana fila do pão. Sabe aquela história “do terceirão para a vida” e depois nunca mais se vêem? Pois é. E não raramente, conforme amadurecemos com a idade, as responsabilidades e – por que não – traumas da vida adulta, nos vemos como uma pessoa totalmente diferente daquela de quando convivíamos com a tal pessoa. Só que ela, pelo que parece, ficou presa no tempo. Você conhece alguém assim, não?

De forma lúdica e totalmente resumida, esse é o enredo de Alto Knights: Máfia e Poder, filme que estreia dia 20 de março nos cinemas de todo o Brasil, estrelando Robert DeNiro não apenas em um, mas em dois papéis de destaque.

“como assim?”

Calma, vamos explicar.

Enredo de Alto Knights: Máfia e Poder

Alto Knights: Máfia e Poder é baseado em uma história real envolvendo o núcleo mafioso da Nova Iorque nos anos 1950. Frank Costello (DeNiro), chefão da máfia, sofre uma tentativa de assassinato a mando de Vito Genovese (DeNiro de novo), mas o tiro sai pela culatra (ou, no caso, pelo canto da nuca) e Costello sobrevive de forma milagrosa. Então, inicia-se uma comoção entre todas as famílias de mafiosos da cidade acerca das repercussões do atentado.

A narrativa se dá em uma espécie de “documentário falso”, onde Costello – já no fim da vida, nos idos dos anos 70 – conta de forma cinematográfica o que ocorreu na época em que escapou da morte. Ele e Vito eram amigos de infância e juventude, acostumados a se encontrar em um bar chamado Alto Knights, e chegaram ao poder do submundo ao se aproveitarem da histórica Lei Seca que esteve em vigor nos Estados Unidos nos anos 1920. Vito, no caso, foi quem assumiu o posto de “rei do crime”, mas teve que se refugiar na Itália quando o cerco começou a fechar. A ideia era ficar pouco tempo, e nesse período ele confiou ao seu amigo de longa data o posto de líder das famílias da máfia.

No entanto, ocorreu a Segunda Guerra Mundial, e Vito ficou mais tempo que o esperado fora dos EUA. Já Costello, na posição de “poderoso chefão”, encontrou um modo mais discreto e seguro de manter o submundo funcionando, e isso agradou as demais famílias envolvidas nos crimes. O problema é que, quando Vito volta para os EUA, ele deseja sua posição de volta – e com juros antes. Logo, Frank – que tenta conversar com o amigo e fazê-lo entender que as coisas mudaram – nota que Vito ainda se comporta como o garoto de décadas atrás, exigindo que tudo volte a ser como era antes de sua partida. As desavenças que culminam até o momento do atentado e suas repercussões é… bem… o que esperamos ver em um filme de máfia.

DeNiro em Dobro

Podemos romantizar a escolha de Robert DeNiro para ambos os papéis como uma alegoria de Frank e Vito serem “duas faces da mesma moeda” – o que seria muito plausível. Porém, é possível também levar em conta que, talvez tirando Al Pacino e Joe Pesci, pouquíssimos atores de descendência italiana poderiam viver um mafioso tão bem quanto DeNiro, e a surpresa de tê-lo em dois papéis poderia ser o diferencial para um filme cujo tema central já está um tanto batido no cinema.

Independente dos motivos, é fato que DeNiro é um ator brilhante, e ele não deixa nada a desejar em nenhum segundo de Alto Knights: Máfia e Poder. A maquiagem faz seu trabalho de deixar ambos os personagens parecidos, porém não idênticos, mas é DeNiro que nos tira do “Vale da Estranheza”, com duas atuações distintas, tendo cada um deles maneirismos, modos de falar, de agir e até mesmo de manter o rosto descansado, de forma que, se a pessoa espectadora não prestar atenção na tela com afinco, não conseguirá reparar que ambos são, na verdade, o mesmo ator.

Mais do Mesmo

Apesar da atuação dupla brilhante de DeNiro, Alto Knights: Máfia e Poder não traz nada de novo: é mais um filme sobre a máfia estadunidense – mais especificamente de Nova Iorque –, com suas subtramas, tensões políticas e (tentativas de) plot wists que, por conta da saturação do tema, se tornaram manjados. Ainda assim, é interessante ver os debates e como o crime organizado trabalhava (e muito possivelmente ainda trabalha), amarrando pontas e firmando garantias que suas fontes de renda e poder se mantenham intactas a todo custo. No caso de Alto Knights: Máfia e Poder, o enredo nos convida a se questionar qual o pior tipo de criminoso: o tempestuoso, audaz e inconsequente (Vito), ou aquele que arquiteta tudo “por baixo dos panos” (Frank). Por fim, uma fala de Costello sobre seu amigo(?) Vito traz uma reflexão sobre o caráter por trás de um conservadorismo que insiste em se fazer de vítima: em uma conversa com outro colega da máfia, Frank diz que Vito “geralmente acusa os outros de tramarem fazer coisas que ele mesmo faria”.

Conclusão

Alto Knights: Máfia e Poder é um filme bom, mas que não acrescenta nada de novo ao gênero (além de usar o mesmo ator para os dois papéis principais da trama). É um pedaço da história estadunidense que talvez seja mais interessante para os próprios estadunidenses, mas que não necessariamente agrega ao público de outros países – mesmo aqueles que adoram um filme de máfia. No fim, tal qual aquele colega de outrora que encontramos no mercado e parece ainda agir da mesma forma que 20 anos atrás, Alto Knights: Máfia e Poder acaba sendo apenas mais um recorte de um gênero que há anos entrega histórias similares, sem muita evolução ou amadurecimento.

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