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Crítica: A Filha do Palhaço

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A nossa cinematografia é guerreira, sobretudo, por que fazer arte, num país que nega cultura de tempos em tempos, é somente para os fortes. Nessa quinta-feira (30) estreia nos cinemas, A Filha do Palhaço, um dos longas mais singelos e tocantes que já assisti. Daqueles filmes que fica na sua cabeça por dias e dias. Uma joia da nosso cinema. 

Ganhador do principal prêmio na Mostra de Cinema de Gostoso, o filme é dirigido por Pedro Diogenes e tem como ponto chave a problemática de pai ausente*. Na trama o protagonista Renato, interpretado por Demick Lopes, um homem que trabalha como humorista, fazendo shows em estabelecimentos na noite de Fortaleza recebe com surpresa a visita da filha Joana (Lis Sutter), agora adolescente, que o mesmo deixou de cuidar ainda bebê.

Nada é simples e banal no roteiro assinado por Pedro Diogenes ao lado de Amanda Pontes e Michelline Helena. O tema espinhoso é tratado com respeito e amadurecendo a medida com que as cenas vão acontecendo. Nada é preto no branco, tudo nessa vida tem um porquê. Nem sempre o convencional, o correto ou o esperado por todos é a escolha mais fácil. 

A FILHA DO PALHAÇO fala exatamente dessa possibilidade de mudanças, de reconstrução de laços. “Esse é um filme sobre transformação, sobre busca e aceitação. A narrativa do filme é conduzida pela Joana, adolescente que supera seus medos e preconceitos para resolver questões familiares do passado. Um filme que aponta para a possibilidade de famílias formadas das mais diversas formas possíveis. Não existe fórmula, nem regra”, complementa o diretor. 

As vidas se transformam a partir dessa semana de convívio, quando pai e filha passam a se conhecer melhor e lidam com questões pendentes entre eles. Tudo esta implícito, subentendido, muita coisa fica sugerido nos belíssimos diálogos. É sobre o cotidiano, e nessas arestas que vão fechando vemos as tramas que fazem de A Filha do Palhaço, um dos melhores filmes do ano. As cenas mais importantes ocorrem em planos-sequências fixos, sem montagem, com os atores atuando. Um presente para quem ama cinema. 

Umas das inspirações para Silvanelly – personagem de Renato nos shows – é Paulo Diógenes, primo do diretor, que vive há mais de 30 anos Raimundinha, uma das personagens percursos desse tipo de humor no Ceará. Alias o filme respira Fortaleza. Ao caminhar pelas ruas, bares e pontos turísticos da cidade acabamos por nos sentir parte dela.

É preciso destacar o trabalho dos atores. Demick Lopes é uma potência em cena. Ele não desperdiça nenhum ato. A estreante Lis Sutter, é um rara flor que temos a chance de ver desabrochar. O longa também conta com Jesuíta Barbosa, Jupyra Carvalho, Rafael Martins, Ana Luiza Rios e Valéria Vitoriano no elenco. É produzido pela Marrevolto Filmes com a produtora associada Pique-Bandeira Filmes e tem a distribuição nacional pela Embaúba Filmes. NOTA: 4.5/5.0

*De acordo com a da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), em 2023, dos 2,5 milhões nascidos no Brasil, 172,2 mil têm pais ausentes — quantidade 5% maior do que o registrado em 2022, de 162,8 mil. 

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Diogo Bueno

Diogo Bueno

Jornalista. Crítico de Cinema. Roteirista. Colecionador de Funkos e quase EX-Chiquititas.

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