Caroline Fioratti dirige Meu Casulo de Drywall, um longa que mistura drama e suspense. O filme estreia nos cinemas brasileiros no dia 12 de setembro, após passar pelo festival americano South by Southwest (SXSW) e pela Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O filme passou dez anos em desenvolvimento.
Meu Casulo de Drywall é o quarto longa-metragem da cineasta Caroline Fioratti e ela o considera o seu trabalho mais autoral. Ela também é responsável por projetos como Meus 15 Anos (2017), Amarração do Amor (2021) e Um Ano Inesquecível – Inverno (2023), além das séries Unidade Básica (2016), A Grande Viagem (2017) e Temporada de Verão (2022).
Meu Casulo de Drywall
O filme conta a história de Virgínia, uma jovem de 17 anos que está comemorando seu aniversário com uma grande festa em sua cobertura. No entanto, apesar de tudo parecer perfeito no condomínio luxuoso, não se deve julgar um livro pela capa. Conflitos e segredos cercam todos os moradores do local. O longa conta como 24h podem mudar vidas para sempre.
Meu Casulo de Drywall traz no elenco os seguintes nomes: Maria Luisa Mendonça, Bella Piero, Michel Joelsas, Mari Oliveira, Daniel Botelho, Caco Ciocler, Débora Duboc, Flávia Garrafa, Marat Descartes e Lena Roque.
O filme é uma coprodução da Aurora Filmes e da Haikai Filmes. A distribuição é da Gullane+.
Um ponto de atenção é a classificação indicativa do filme. Meu Casulo de Drywall, com suas cenas de sexo, consumo de drogas, bebidas, violência e outros temas sensíveis, recebe a classificação indicativa para maiores de 18 anos.
Fica aqui o meu alerta de gatilho sobre o filme, ele aborda temas como homofobia, racismo, violência doméstica, abuso de drogas, suicídio, automutilação e depressão. Por favor, se você não ficar confortável com algum dos temas citados, assista ao filme com cautela.
Fórmula Clichê e Previsível
Meu Casulo Drywall foca nos dramas, conflitos e segredos de um grupo da alta classe de São Paulo. A escolha de focar num grupo da sociedade que, em teoria, excluiria grande parte dos brasileiros, não afeta tanto assim na hora em que o espectador forma conexões com os personagens. Os conflitos interpessoais são o foco e todo mundo é capaz de se identificar com brigas entre pais e filhos e o luto.
A diretora usou uma estética bem hollywoodiana para contar sua história, fugindo do padrão Brasileiro e se assemelhando bastante do que se espera de uma produção norte-americana. Em entrevista, Caroline Fioretti disse que se inspira na maneira que a cineasta Sofia Coppola representa a juventude em seus filmes. “Ela me inspirava muito com seus filmes. ‘As Virgens Suicidas’, com seu olhar sensível para a adolescência, suas dores e máscaras, e ‘Encontros e Desencontros’, no retrato da solidão em uma metrópole de concreto”, falou. A representação honesta dos turbilhões da adolescência sempre a interessaram como espectadora. “Isso passa pela minha compreensão de que essa fase da vida é uma ruptura, um luto em si”, explicou. “Os sentimentos são vivenciados de forma intensa e, quando não compreendidos, podem se traduzir em violência contra si e contra o outro”.
Fioretti também cita que o filme ‘Elefante’, do diretor Gus Van Sant, a inspirou em sua obra. Ela diz que a ideia de fazer sua trama de maneira não linear surgiu com o filme de Van Sant, pois ele faz um trabalho narrativo interessante, com cruzamentos e jogo temporal, assim como o dela se propõe.
A trama, mesmo que bem real, é clichê e não foge muito do que se espera. As atuações e diálogos ficaram bem rasos em grande parte das vezes, talvez justamente por serem situações tão comuns em filmes do gênero.
Pontos Positivos
Apesar de ser capaz de adivinhar o fim do filme bem cedo, a construção da narrativa foi feita de maneira inteligente. Cada personagem tem um conflito desconhecido no início e, com o desenrolar da história, vamos descobrindo mais sobre suas vidas e entendendo melhor suas atitudes.
Como ponto alto do filme gostariamos de citar a brilhante ideia de fazer a ferida que cresce com o passar das horas, indicando cada vez mais a podridão e decadência de Virginia. Uma escolha bem Dorian Gray da cineasta e que impressionou.