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O Mensageiro

“O Mensageiro” (2023): Uma Narrativa de Tensão e Afeto em Tempos de Ditadura.

“O Mensageiro”, dirigido por Lúcia Murat e selecionado para o Festival do Rio de 2023, é um drama nacional que revisita um dos períodos mais sombrios da história do Brasil: a Ditadura Militar. A trama segue Vera (Valentina Herszage), uma jovem prisioneira em uma fortaleza militar, e Armando (Shico Menegat), um soldado que, ao aceitar entregar uma mensagem à família de Vera, acaba se envolvendo em uma inesperada e complexa relação afetiva com a mãe dela, Maria (Georgette Fadel).

O ponto forte do filme está em sua habilidade de explorar as nuances das relações humanas em um contexto de opressão e medo. Lúcia Murat, conhecida por seu trabalho em filmes que abordam questões políticas e sociais, apresenta aqui uma história que, embora situada em um cenário de repressão, foca menos nos eventos brutais da ditadura e mais nas interações pessoais que surgem nesse ambiente adverso.

Assista ao trailer acima:

A escolha de centrar a narrativa na relação entre Armando e Maria é ousada e, em muitos aspectos, não tão bem-sucedida. O contraste entre as origens, status sociais e experiências de vida dos personagens cria uma tensão palpável que permeia o filme. Essa relação improvável desafia as expectativas tanto dos personagens quanto do público, abrindo espaço para uma reflexão sobre empatia, humanidade e as conexões que transcendem circunstâncias extremas.

No entanto, a decisão de Murat de priorizar o desenvolvimento dos personagens em detrimento de uma narrativa mais acelerada pode deixar alguns espectadores esperando por mais ação ou uma progressão mais direta da história. “O Mensageiro” não se preocupa em entregar sequências intensas ou momentos de grande dramatização; em vez disso, adota um ritmo mais contemplativo, focando nos diálogos e nas expressões sutis que revelam a interioridade dos personagens.

Valentina Herszage, como Vera, traz uma performance carregada de vulnerabilidade e resiliência, enquanto Georgette Fadel se destaca como Maria, uma mãe que se vê dividida entre a angústia de ter a filha presa e a inesperada conexão com o soldado. Shico Menegat, por sua vez, oferece uma interpretação contida, mas eficaz, de um homem jovem cuja consciência é desafiada por seu dever militar e suas emoções pessoais.

Embora o filme possa não agradar a quem busca uma narrativa mais convencional ou recheada de ação, “O Mensageiro” oferece uma experiência cinematográfica rica em atmosfera e caracterização. A produção se torna um espaço para reflexão sobre as relações humanas em tempos de adversidade, e sobre como o afeto e a conexão podem surgir nos lugares mais inesperados.

Para quem aprecia dramas que privilegiam o desenvolvimento de personagens e que abordam questões históricas e sociais com sensibilidade, “O Mensageiro” é uma obra que vale a pena ser vista. Sua estreia em 15 de agosto marca um importante momento no cinema nacional, convidando o público a revisitar o passado com um olhar atento às complexidades das experiências humanas.

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