Explorando desde o luto, a relações familiares e sexualidade, o filme “Inverno em Paris” chega aos cinemas brasileiros no dia 10 de outubro. O longa-metragem francês é dirigido por Christophe Honoré e acompanha Lucas (Paul Kircher), um jovem de 17 anos que vê sua vida virar de cabeça para baixo após a morte do pai.
Lucas é como qualquer outro adolescente: cheio de vida, sonhos, desejos e com um futuro inteiro pela frente. No interior da França ele vive uma vida normal ao lado da mãe Isabelle (Juliette Binoche) e do pai (Christophe Honoré), além do irmão mais velho, Quentin (Vincent Lacoste), que trabalha com arte e vive em Paris.
Toda essa normalidade é perdida quando o pai de Lucas morre de forma inusitada em um acidente de carro. Nesse momento o adolescente se vê perdido não só em meio ao luto, mas também dentro de uma montanha-russa de emoções confusas com as quais não sabe e não consegue lidar.
Após o velório, Quentin decide levar Lucas a Paris por alguns dias como uma forma de distrair o irmão. Lá, Lucas decide viver uma série de experiências impulsivas, como transar com um outro garoto sem nem ao menos saber o nome dele, beijar o colega de quarto de Quentin que é 12 anos mais velho, e até mesmo fazer sexo por dinheiro. As ações precipitadas do garoto parecem ser uma válvula de escape, uma demonstração de tamanha dor e confusão que ele sente.
O roteiro explora o luto de diferentes formas ao mostrar um pouco da visão de cada um dos personagens. De um lado temos Isabelle, uma mulher que perdeu o amor da sua vida, mas que ainda precisa performar o papel de mãe ao cuidar dos filhos nesse momento tão difícil, e que acaba ficando ainda pior depois que Lucas volta de Paris. Do outro, Quentin, que parece voltar a normalidade muito rápido, talvez numa tentativa de não preocupar os outros com seus sentimentos. E por fim, no meio disso tudo, temos Lucas, que vê a morte do pai como um aviso de que ele precisa ser mais, viver mais e não deixar o tempo e a vida simplesmente passarem. Porém, por trás desse desejo, está um sentimento de vazio e tristeza que faz com que Lucas se afunde cada vez mais dentro dos seus próprios dramas, e isso acaba machucando não só a si próprio, como sua família.
Mesmo com tanta dor sendo mostrada em tela, o filme consegue ser delicado ao mostrar a importância do apoio familiar para superar desafios. Lucas, Isabelle e Quentin estão cada um vivendo seus infernos particulares, mas não deixam de se amar e de se apoiar enquanto compartilham da mesma dor e saudade pelo pai e marido.
Do ponto de vista mais técnico, “Inverno em Paris” transborda em ótimas atuações, principalmente de Paul Kircher, e uma fotografia e direção realmente muito bonitas de assistir. O som e a música são um show à parte, principalmente na cena final, a qual é difícil não se emocionar.
Importante ressaltar que o longa conta com um ritmo mais lento, são duas horas de filme que não passam rápido. Mesmo assim, a trama consegue cativar e causar interesse pelo que vem a seguir. A história não se arrasta, já que sempre tem algo acontecendo, um novo drama, um novo sentimento sendo mostrado, fator esse que trás certo dinamismo ao filme.
“Inverno em Paris” é um belo drama familiar, talvez melancólico demais em certo momentos, mas vale pela bela demonstração sobre como o luto pode despedaçar, mas principalmente sobre como o amor cura.