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‘Mar em Chamas’: o preço do petróleo convertido em vidas

Titanic, Chernobyl, o ônibus espacial Columbia, Mariana, Brumadinho… Nossa história recente (e a antiga também) está cheia de exemplos de tragédias que poderiam nunca ter ocorrido se não fosse pela ganância e complacência de pessoas poderosas. Em Mar em Chamas – filme norueguês de 2021 e um dos lançamentos do mês do streaming Adrenalina Pura – vemos mais um exemplo de como engravatados parecem se sentir à vontade de decidir quem deve viver ou morrer quando suas táticas de enriquecer têm efeitos colaterais severos.

Mar em Chamas inicia com a fala de William Lie, que parece ser apenas um senhor que vivenciou uma tragédia anunciada e foi afortunado o suficiente para contá-la. Sua fala indica que, desde o início do desenvolvimento da exploração de petróleo pelo governo da Noruega, a segurança sempre esteve em segundo lugar, perdendo espaço para o progresso e o lucro. Apesar do foco inicial em Willian, a verdadeira protagonista de Mar em Chamas se chama Sofia Hartmann, uma jovem piloto de submarino que trabalha junto com seu amigo Arthur em um projeto de robótica para auxiliar o acesso em regiões embaixo d’água.

Os caminhos de Sofia e William se entrelaçam no momento em que o homem, na posição de um dos líderes da empresa petrolífera, expõe – de forma gradativa e sigilosa – que houve um desabamento em uma das plataformas (a princípio por fatores naturais) e precisariam da ajuda do robô de Sofia e Arthur para acessar o trecho submerso, em busca de possíveis sobreviventes.

Um pouco de ação para chamar a atenção

A premissa de Mar em Chamas é simples e até mesmo previsível: um acidente que se apresenta primeiramente como uma fatalidade se prova algo muito maior e não previsto pelos responsáveis. Assim, uma situação emergencial se apresenta, e alguém (ou “alguéns) vai/vão precisar resolver ou, ao menos, amenizar o problema. Nesse ponto, o ritmo de Mar em Chamas consegue prender a atenção de quem está assistindo, despertando a curiosidade de como as situações apresentadas irão se resolver. A atriz Kristine Kujath Thorp faz um bom trabalho no papel de Sofia, chamando para si a responsabilidade de ser os olhos do espectador e a “cabeça pensante” diante dos dilemas que surgem à medida que a história avança.

Um pouco de emoção para atingir o coração

O fio guia que irá levar a narrativa até o fim se trata do relacionamento que Sofia tem com Stian, um empregado da companhia petrolífera. O perigo que ele corre ao continuar trabalhando nas plataformas mesmo depois do primeiro desabamento causa uma angústia maior à Sofia – e consequentemente, a nós, espectadores – por sabermos que Stian é um pai solteiro de um garoto de cerca de 10 anos. Logo, conseguimos compreender o esforço homérico que Sofia faz ao tentar convencer William e os gestores da companhia que é preciso agir rápido para tentar salvar vidas nas plataformas.

Agindo quando já é tarde demais

Graças aos esforços de Sofia e Arthur, é possível comprovar que o desastre com a primeira plataforma na realidade era apenas o início de uma reação em cadeia, causada pela quantidade absurda de perfurações feitas para poderem extrair a maior quantidade possível de petróleo no menor espaço de tempo. Quando a realidade é esfregada na cara dos executivos, eles ainda gastam tempo se perguntando o tamanho do problema de não fechar os poços de extração (mesmo na iminência de um desastre ecológico) e como poderiam “minimizar os danos financeiros”. Só então, começam a pensar em agir na resolução da catástrofe que está por vir.

Onde o filme escorrega

Apesar da boa condução da trama, algumas soluções narrativas são questionáveis, como quando uma pessoa surge no melhor estilo Deus ex Machina para resolver um problema específico, sendo que a pessoa em questão jamais foi apresentada anteriormente – mesmo sendo importante no contexto das relações em volta do casal Sofia e Stian. Outro exemplo é como em vários momentos o roteiro se utiliza do recurso “não está funcionando!”, a fim de causar angústia à pessoa expectadora, para no instante seguinte apresentar uma solução simples ao problema. No terceiro ato, inclusive, esse recurso chega a fazer um combo com fritas e refrigerante grande. Por fim, fica dúbio se deveríamos se compadecer ou odiar o personagem William, pois fica difícil a leitura das intenções do homem – afinal, ele está chocado com as situações que aparecem diante dele ou seu desejo é apenas de que tudo acabe logo para poder ir para casa dormir? Essa dúvida, no entanto, deve existir apenas por uma questão cultural de nós latinos em comparação aos escandinavos.

Conclusão

Com 105 minutos de duração, Mar em Chamas se apresenta como um bom filme pipoca. A produção ousa te fazer pensar sobre como a vida e a segurança dos trabalhadores é um mero detalhe diante das planilhas dos executivos, mas chega um momento onde até esse ponto fica em segundo plano. Em matéria de efeitos especiais e práticos, não deve em nada para produções hollywoodianas, e talvez peque apenas por tentar ser mais aventuresco do que sua história deveria permitir.

Sobre o Adrenalina Pura

O Adrenalina Pura é um novo canal de streaming que foca seu conteúdo em alguns gêneros específicos.

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Conhecido por sua curadoria de filmes de ação, catástrofe, terror e suspense, as novas adições ao catálogo prometem eletrizar o mês de setembro dos amantes da sétima arte. O streaming conta com quase 400 produções, inclusive originais do Adrenalina Pura, e está disponível na Prime Video Channels, Apple TV e Claro TV+. Com uma assinatura mensal de R$ 14,90, você tem acesso ao canal e ainda a flexibilidade de cancelar a qualquer momento.

A Black teve a oportunidade de assistir aos novos filmes do catálogo e compartilhar nossas impressões com você ao longo desta semana. É só conferir nossas análises no portal!

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