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O Eternauta é um dos principais quadrinhos feitos pela Argentina

O Eternauta é mais um destaque para produções argentinas

O Eternauta é um quadrinho escrito por Héctor Oesterheld e ilustrado por Francisco Solano López que foi publicado na revista “Hora Cero Semanal” em 1957, contando sobre um grupo de pessoas comuns que se deparam com uma névoa letal que surgiu misteriosamente na América Latina.

Ricardo Darín é Juan Salvo em O Eternauta

A obra é considerada por muitos como o maior quadrinho produzido pela Argentina, devido à seu caráter político misturado com ficção. Vale lembrar que Oesterheld e sua família foram sequestrados e mortos pela Ditadura Militar da Argentina em 1978, logo após a publicação de “O Eternauta 2”.

No início de 2020, a Netflix anunciou que Eternauta iria ser adaptada para uma série nos tempos atuais, que teve sua primeira temporada lançada no dia 30 de abril de 2025, com 6 episódios no total. Os principais nomes do elenco são Bruno Stagnaro na direção, Ricardo Darín (Argentina 1985) interpretando Juan Salvo, César Troncoso (Faroeste Caboclo) como Alfredo Favalli, Carla Peterson (Medianeras) como Elena e Marcelo Subiotto (Puan) como Lucas.

Uma coisa que pessoalmente me incomoda nas duas versões da obra é a forma com que o grupo de amigos tiram suas primeiras impressões da névoa. Nos quadrinhos, o grupo é conhecido por ter vários hobbys, e isso é a solução do roteiro para justificar eles possuírem todos os equipamentos para sair na neve.

Já na série isso não entra em destaque, mas é substituído por uma compreensão rápida demais sobre como a neve funciona. Algumas perguntas que poderiam aparecer naturalmente, como preocupações a respeito da contaminação do ar ou água aqui ou não são feitas, ou surgem muito brevemente.

A fotografia da série é muito boa, e tem momentos excelentes, principalmente quando a série se propõe a mostrar uma visão macro do caos que foi instaurado na cidade, como o primeiro momento que Juan Salvo sai de casa, ou os personagens em cima do estádio do River Plate vendo os “meteoros” chegarem à Terra.

Uma mudança interessante que a Netflix trouxe é o trauma que Juan Salvo carrega por causa da guerra. É muito comum acompanharmos mídias estadunidenses que abordam o estresse pós traumático envolvendo temas como Segunda Guerra, Guerra Fria, Guerra do Vietnã, mas temos poucos exemplos fora desse eixo, e a abordagem da Guerra das Malvinas traz uma perspectiva original que muito acrescenta ao personagem, como uma boa justificativa para que ele saiba manejar armas com qualidade, já que nos quadrinhos ele serviu o exército, mas somente por 3 meses.

O ritmo da série é bom de forma geral, mas me incomoda a escolha brusca de mudança de temas, até porque diferente do material original, na série várias perguntas são levantadas, mas sem nenhuma resposta até o momento.

Isso faz com que a mudança fique muito seca e possa causar estranhamento, principalmente quando o foco sai da neve para os “cascudos”, depois a neve simplesmente para de um momento para outro, e por fim vemos pessoas sendo controladas. São muito tópicos trabalhados, e a escolha de somente 6 episódios pode ter sido um erro, ainda mais pensando que o quadrinho possui mais de 300 páginas.

A existência de O Eternauta enquanto série é muito boa para que as pessoas também possam conhecer o material original. A primeira temporada abre muito espaço para dúvidas e pouco para respostas, o que pode ser um problema no futuro, já que definiram que a segunda será a última. No entanto, temos uma história muito envolvente, com atores que conseguem gerar a empatia necessária por aqueles que os assistem, além do teor latino americano que deixa a narrativa muito mais original.

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