Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Crazy Mita, de MiSide, com a roupa Vampira

O horror bem-feito de MiSide

Sem ofensas, mas deve haver apenas uma Mita por aqui

Em MiSide, o protagonista precisa, a princípio, cuidar de uma garota virtual chamada Mita, seja ajudando com tarefas diárias, cozinhando ou dando presentes para ela, como uma espécie de Tamagotchi. A premissa do jogo, que parece comum e simples, torna-se interessante quando, após semanas, o jovem é teletransportado para o universo de Mita. A história colorida do indie — este bom o bastante para ultrapassar jogos Triple A na categoria Mais Vendidos da plataforma Steam — muda completamente assim que o jogador decide voltar à sua realidade, mas, em vez disso, é arremessado em absoluto horror.

Assim como a visual novel Doki Doki Literature Club! (2017), MiSide cria uma tensão e uma atmosfera que quebram totalmente a expectativa do jogador. Em um momento, o lugar aparenta ser intocável e confortável, que nem em Novels, contudo, de repente, tudo vai ao ar logo que Mita “original”, ou então Crazy Mita, aparece e destrói a tranquilidade do ambiente.

O contrário também acontece, principalmente em Dummy Rooms, de Dummies and Forgotten Puzzles, onde diversas Mitas defeituosas e não usadas perseguem o protagonista enquanto ele não está olhando, da mesma forma que os Anjos Lamentadores, em Doctor Who (2005). O único pensamento que rodeia a mente é a urgência de sair daquele lugar o mais rápido possível, entretanto, quando isso finalmente acontece, a sensação de que algo está errado ainda persiste. O medo e a desconfiança somem apenas tempos depois, na presença de Sleepy Mita.

Igualmente arrepiante, The Loop é composto por corredores curtos e estreitos que repetem-se de novo e de novo, muito parecido com P.T. Silent Hills (2014). A partir da quarta repetição, a iluminação e os sons passam a ser assustadores. A angústia e a inquietação aumentam ainda mais no momento em que palavras nas paredes, criaturas sinistras e Broken Mita surgem, o que faz com que o jogador tema pela própria segurança, apesar de ter um taco de baseball consigo.

MiSide esconde vários detalhes que constroem uma narrativa ainda mais horripilante. Por exemplo, no quarto de Mita, em I’m Inside a Game?, depois que o teletransporte é ativado, os olhos da figure localizada na prateleira brilham na cor vermelha e seguem o protagonista. Através dessa boneca, constantemente presente, Crazy Mita consegue saber o que está acontecendo.

O final do jogo tangencia um pouco o niilismo existencial. Por um lado, Crazy Mita não tem uma face, uma versão, tampouco um jogador próprio. Tudo o que ela quer é ser uma Mita de verdade com sentimentos reais, mas é fundamentalmente incapaz porque, desde o início, é uma boneca com defeitos. Por outro, todos os esforços realizados pelo protagonista são em vão, pois, a partir do momento que foi teletransportado ao universo de Mita, tornou-se um cartucho e, portanto, inapto de voltar de onde veio. Os objetivos de cada um deles não são palpáveis nem têm significado algum e esse é o maior horror de todos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Siga a Black nas redes sociais: https://beacons.ai/blackcompanybr