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Sky Oceans: Wings for Hire erra na fórmula e entrega quase nada

Sky Oceans: Wings for Hire erra na fórmula e entrega quase nada

Sky Oceans: Wings for Hire é o mais novo jogo da Octeto Studios, estúdio de desenvolvimento de jogos chileno. A obra se inspira nos clássicos JRPG com batalhas de turnos em um ambiente fantasioso que propõe um universo aéreo. A obra ostenta uma grande magnitude mas erra na fórmula e entrega problemas demasiados no produto final.

A obra propõe um JRPG de batalhas por turnos com uma estética retrô advinda dos jogos de PS1. O objetivo geral do jogo é seguir a campanha que pretende contar a história de Glenn Windwalker, um jovem recém formado como piloto que tem como pais grandes exploradores dos céus. É necessário seguir a jornada e descobrir os segredos que Sky Oceans guarda, seja o motivo deste ambiente existir ou mesmo o passado da raça humana. A jornada em si é boa, é bem cadenciada, dificilmente o jogador sentirá enjoado da missão principal, o problemas é que provavelmente este é um dos únicos pontos positivos, já que o resto deste universo é muito mal aproveitado.

A história de Sky Oceans é uma receita mal executada. A sensação deixada ao final é que foi seguido uma receita “pronta”, principalmente considerando os clichês, porém esta receita não foi entendida e os ingredientes utilizados estavam em ordem e proporções erradas o que no fim simplesmente estragou o produto final. Alguns ingredientes eram decentes como as conspirações e plots, além do desenrolar final do nexus e da raça dos “outros”. O problema é que o protagonista não tem impacto nenhum nestes momentos, as decisões mais importantes ele simplesmente não participa, Glenn é um protagonista que não tem importância, ele está presente mas não executa as ações importantes, é frustrante. Outro ponto crucial é a construção da personagem de Glenn como um garoto ingênuo, ela é simplesmente ruim demais, um personagem ingênuo não pode ser patético, a linha para que isto aconteça é tênue e a Octeto ultrapassou demais os limites. O perdão e a pena demonstrada por Glenn perante seus inimigos nos momentos cruciais não é ingenuidade, é ridículo. A obra se deleita em clichês e os usa da forma errada, os inimigos que não são exatamente inimigos, os traidores que são perdoados, o destino do protagonista que é apático aos acontecimentos, há erros demais considerando a história e construção de personagens. O pior é que a premissa da história não é ruim mas a execução é inaceitável, é tosca.

Os problemas de Sky Oceans não param por aí, ainda há problemas em relação a jogabilidade. O combate por turnos simplesmente não é bom, e isto ocorre por alguns pontos em específico: as habilidades são parecidas demais, o começo é lento e o meio para o final é rápido demais. Primeiramente as habilidades são muito parecidas, conforme os personagens ganham níveis eles desbloqueiam as habilidades, infelizmente a diferença entre elas é somente o elemento e o efeito negativo que elas aplicarão nos inimigos. As habilidades de choque, gelo, fogo e trevas não apresentam nenhuma diferença mecânica, pois a primeira habilidade sempre será um ataque fraco com efeito, a segunda um ataque mais forte mas sem efeito e a terceira um ataque em área. O segundo e terceiro problema decorrem deste primeiro, o começo é extremamente chato pois como todos os personagens somente possuem ataques de alvo único, todas as lutas se tornam massivas e chatas, e posteriormente quando os personagens liberam as habilidades em área, basta utilizar elas em todos os pilotos que a luta é vencida com certa facilidade. Desta forma o combate no começo é muito arrastado e no final fica monótono, além disso há um ciclo chato de: ataque físico para recuperar AP, usar a habilidade especial e desviar quando alvejado, esta sequência é ainda pior no começo do jogo e agrava a sensação de demora em combates que deveriam ser simples.

O combate de naves maiores como a Nexus é um alento para o combate das aeronaves menores, este outro modelo é um pouco diferente e até certo ponto mais punitivo, já que não há uma cura automática após os confrontos. Apesar de ser um pouco melhor, a progressão parece mais desleixada que das aeronaves menores, que apresentam sistema de árvore de habilidades e melhoria das peças. A progressão geral não é exatamente boa, ela é comum, não tem nenhum ponto positivo para ser destacado mas também não apresenta pontos negativos para serem criticados.

O universo de Sky Oceans é grande demais para ser mal aproveitado como é, as três camadas do mapa possuem um tamanho considerável para ser explorado, infelizmente não há um aproveitamento deste ambiente com missões secundárias numerosas. Estas missões existem, mas além de serem desinteressantes e oferecem poucas recompensas, não são numerosas. Outro ponto crucial é que deveria haver outros mecanismos para aproveitar este ambiente criado, algo além das missões, mas isto não ocorre, logo grande parte do mapa fica inexplorada, até porque não há recompensa para os jogadores para realizar este tipo de empreitada. 

Concluindo, Sky Oceans: Wings for Hire é uma obra que poderia entregar mais, bem mais. Há diversos problemas gritantes e o pior é que vários deles poderiam ser contornados com certa facilidade, há erros de game design para todos os lados. Os pontos positivos não são explorados a fundo e os negativos se sobressaem demais. Fica claro uma tentativa de seguir um modelo na construção de um personagem bom/ingênuo que no final se torna patético, além disso este mesmo personagem, que é o protagonista, não tem nenhuma influência no que importa, piorando ainda mais a situação. O combate desequilibrado também não encanta, é elementar demais para qualquer jogo de batalha por turnos atuais. Sky Oceans é um fracasso, mas pelo menos os gráficos de PS1 low polish ficaram legais.

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