Demorou muito para eu saber como começar esse texto, pois a obra que será abordada foge do que geralmente estou acostumada a consumir. Entretanto, é bom sair da zona de conforto de vez em quando… A Prisão no Céu, da nossa parceira JBC, é aquele tipo de história que tende a passar despercebida, mas que encanta e quebra muitos paradigmas.

Em um salão de beleza localizado dentro de uma penitenciária feminina, Haru Komatsubara se tornou uma habilidosa cabeleireira. Enquanto cumpre sua pena, ela também corta o cabelo de clientes comuns todos os dias. Aqueles que visitam o salão se deparam com um belo céu azul, que foi pintado no teto e até mesmo nas paredes. Cada cliente acaba sentindo sua alma lavada pelas horas tranquilas que Haru proporciona. Por que ela se coloca diante do espelho como uma cabeleireira? Qual a razão para as clientes escolherem cortar o cabelo dentro daquelas paredes, sob aquele céu azulado? Uma comovente história de renascimento entre uma prisioneira e as mulheres que vivem na sociedade.

Muito se fala dos mangás e sempre vem à cabeça Naruto, One Piece, Bleach ou seja, mangás gigantescos com milhares de volumes. Entretanto, acho que precisamos dar um maior enfoque aos famosos One-Shots que são basicamente obras curtas e fechadas em um volume só. É muito difícil conseguir criar um único, rico e bem construído em poucas páginas. A Prisão no Céu é uma história que encanta pela sua ternura e sensibilidade que consegue entregar seu propósito sem precisar se estender por muitas páginas.
Além disso, o maior diferencial está na construção de personagens… Quem me acompanha aqui sabe o quão apaixonada eu sou por personagens e aqui temos todos os checks de um bom desenvolvimento. Todos apresentados possuem diversas camadas, seus próprios conflitos e que conseguem ter sua evolução gradual dentro do seu capítulo destaque.
Para melhor ilustrar o que trago para vocês, irei usar a nossa protagonista Haru Komatsubara. Ela é uma detenta sobre a qual sabemos pouquíssimo do seu passado, mas o que em muitas obras seria primordial em A Prisão do Céu acaba sendo irrelevante. A construção de todos os personagens é baseada em seus presentes e seus sonhos para os futuros, esperanças o que é pouco visto nas obras de hoje.

Não vá ler A Prisão no Céu esperando enredos mirabolantes ou enormes reviravoltas, pois a história não se propõe a isso. Admito que em alguns momentos cheguei a ansiar por mais respostas ou um plot-twist, mas me dei conta que a narrativa não se propõe a isso.
Estação Sakuga é uma coluna quinzenal onde você encontrará análises, curiosidades, novidades e tudo mais que torna o mundo da animação e das histórias japonesas tão fascinante!