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A Longa Marcha: crítica da adaptação de Stephen King mostra distopia brutal

O que sobra de uma América devastada pela guerra e pela fome? Em A Longa Marcha, adaptação dirigida por Francis Lawrence e roteirizada por JT Mollner, a resposta é um retrato distorcido e incômodo de um país que troca vidas humanas por espetáculo televisivo.

Baseado no romance escrito por Stephen King, a obra é tão distópica quanto atual e o resultado divide pela forma como mistura crítica social, violência gráfica e reflexões sobre a banalização da morte.

Um retrato da América em ruínas

Na trama, um conflito chamado apenas de “A Grande Guerra” destruiu a economia americana, abriu espaço para um regime fascista e transformou cidades em cemitérios a céu aberto. Livros clássicos foram proibidos, a música censurada e a simples posse de literatura é punida com execução.

Nesse cenário de opressão e pobreza, surge o evento televisivo mais popular da nação: A Grande Marcha, uma maratona em que 50 jovens caminham até restar apenas um sobrevivente. O prêmio? Uma fortuna incalculável e o direito a qualquer desejo.

O jogo mortal: caminhar até morrer

Ray Garraty (Cooper Hoffman) e Peter McVries (David Jonsson) estão entre os participantes desse ritual de morte. A dinâmica é simples e cruel: quem para, fica para trás ou tem problemas físicos recebe um “ticket”, eufemismo para execução.

O clima lembra Jogos Vorazes, mas sem glamour. Aqui, a morte é nua e crua, exibida como entretenimento em um país que já não distingue espetáculo de tragédia. A cada passo, os jovens não competem apenas contra si mesmos, mas contra a exaustão, doenças, traumas e o peso de saber que a vitória custará a vida de todos os outros.

Uma crítica incômoda

A crítica social é o coração da obra. O filme levanta questões sobre até onde uma sociedade pode ir quando a pobreza e a desigualdade corroem toda a esperança.

A distopia parece menos fantasia e mais reflexo de um sistema que normaliza o sofrimento. Uma das falas mais marcantes vem quando McVries diz: “Espero o momento em que isso se torne normal.” Ao que Garraty responde: “É exatamente isso que me assusta.”

Mark Hamill, como o Major que comanda o evento, entrega um vilão caricatural, reforçando as raízes adolescentes do texto original de King, escrito quando ele tinha apenas 19 anos.

Um espelho desconfortável

A Longa Marcha pode não ser um filme fácil ou mesmo agradável de assistir. Ele é repetitivo, pesado e incômodo: exatamente como deveria ser. Sua mensagem não está na curiosidade de quem sobrevive, mas na pergunta que deixa no ar: quão distante estamos, de fato, dessa distopia?

A adaptação é corajosa em sua brutalidade e atual em sua crítica. É um retrato perturbador de um mundo que troca compaixão por espetáculo, e uma lembrança de que a linha entre ficção distópica e realidade pode ser mais tênue do que gostaríamos de admitir.

Se o objetivo era deixar o público desconfortável, a missão foi cumprida com louvor.

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