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As Duas Faces da Lei

As Duas Faces da Lei: A contradição está presente em tudo

As Duas Faces da Lei é um dos lançamentos do Adrenalina Pura, o novo streaming que está crescendo com um catálogo de títulos diferenciados. A obra é um thriller sobre dois policiais experientes que precisam investigar um assassino em série que persegue criminosos. A problemática surge com a certeza que o matador é um policial.

O filme possui um elenco vasto com grandes nomes, interpretando Turk, um dos policiais da dupla, está Robert De Niro e seu companheiro Rooster é interpretado por Al Pacino. Ainda há a presença do rapper 50 Cent e Carla Gugino (Sally Jupiter em Watchmen).

Lançada em 2008 pela Lionsgate, As Duas Faces da Lei é dirigida por Jon Avnet, diretor de longa carreira conhecido por Tomates Verdes Fritos e Íntimo & Pessoal. O diretor também trabalhou como produtor no famoso filme Cisne Negro (2010).

Poster de As Duas Faces da Lei

As Duas Faces da Lei

Nova York está um caos, um assassino em série está ativo e até o momento ele acumula um total de 14 mortes. Sua marca é um poema deixado junto a cada vítima, sendo esta sempre um criminoso que de alguma forma conseguiu escapar das “garras da lei”. Logo de cara a obra nos mostra o policial Turk (Robert De Niro) como o culpado, e a proposta aparenta, pelo menos em um primeiro momento, envolver o desenrolar dos assassinatos até o fatídico erro que levaria Turk a ser capturado.

A proposta aparente desenvolve a perspectiva de policiais que infringem a lei e buscam justiça com as próprias mãos, um clichê clássico das histórias policiais. Junto a esta perspectiva há a apresentação da psicopatia desenvolvida por policiais que se acham acima dos civis por portarem uma arma e um distintivo. Porém, como um bom thriller, estes aspectos sintomáticos são deixados de lado em algum momento para os holofotes retornarem para a investigação e ao plot twist.

A figura do psicopata social killer é ruim. A ideia de um policial ser um justiceiro já é um clássico, usá-lo como um assassino em série é dar o próximo passo na escala. O grande problema é a construção desta personagem e suas motivações são confusas. Suas justificativas são diversas e aparecem de todos os lados, acontecimentos na infância, descrença na justiça e o gatilho do erro doloso de um “bom policial”. Por fim, há nos últimos momentos uma centelha de esperança no maníaco que deseja preservar parte de sua história e suas relações. A personagem é confusa demais em suas ações e atitudes e não faz sentido este desenvolvimento dado à personalidade e toda construção ao longo da obra. A transformação da personagem ao final após a revelação do plot é descabida e fora de sintonia.

O maior destaque fica para os detalhes de construção do plot. A revelação do verdadeiro culpado demonstra um cuidado meticuloso no processo de construção da trama. Estes momentos que tomam a maior parte do filme ganham ainda mais impacto com a belíssima atuação de De Niro e principalmente Al Pacino que estava, como de costume, fantástico em seu personagem.

A contradição reina aqui. Há contradição em todos os aspectos da obra: o enredo com a dupla de policiais, a dualidade entre polícia e um assassino em série, a figura de um serial killer que deveria ser sistemático e é, acima de tudo, confuso enquanto personagem e por fim um plot que surpreende muito pouco.

As Duas Faces da Lei é um filme despretensioso que agrada quem não espera muito, qualquer tentativa de significação mais profunda leva o espectador a decepção. O filme não é ruim, apenas tem um público alvo definido e entrega o que este espera.

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