Mais do que uma franquia de terror, Pânico é um fenômeno cultural. Lançado em 1996, o filme dirigido por Wes Craven e escrito por Kevin Williamson redefiniu o gênero slasher, misturando suspense, humor e uma autoconsciência afiada sobre as próprias regras do terror.
Quase três décadas depois, o assassino mascarado Ghostface continua gritando nos cinemas e no imaginário dos fãs, provando que o medo, quando bem construído, nunca envelhece.
O nascimento de um novo ícone
Em uma pequena cidade americana, um assassino mascarado começa a atacar adolescentes, seguindo as regras não escritas dos filmes de terror. A protagonista, Sidney Prescott (Neve Campbell), precisa enfrentar não apenas o assassino, mas também o trauma da morte da mãe e os segredos que a cercam.
A cena inicial (com Drew Barrymore atendendo ao telefone) tornou-se uma das mais icônicas do cinema. O público sabia que estava diante de algo diferente: Pânico era brutal, mas também inteligente o suficiente para rir de si mesmo.
Um terror que sabia que era terror
A genialidade de Pânico está na metalinguagem. Os personagens conhecem as “regras do horror” (não transar, não beber, não dizer “já volto”) e ainda assim caem nelas. O filme brinca com o público, entrega sustos genuínos e, ao mesmo tempo, comenta o próprio gênero.
Essa abordagem revitalizou o slasher nos anos 1990, após o esgotamento de franquias como Halloween e Sexta-Feira 13. Wes Craven, que já havia dirigido A Hora do Pesadelo, provou novamente que sabia exatamente onde o medo mora.
Do susto à saga: a força da franquia
O sucesso do primeiro filme gerou uma série que continua viva até hoje, com seis capítulos lançados entre 1996 e 2023. Cada nova versão manteve a essência, um assassino mascarado, jovens tentando sobreviver e muitas reviravoltas, mas também soube se adaptar às mudanças culturais.
De câmeras escondidas a redes sociais e cultura de cancelamento, Pânico acompanha o tempo e ri das próprias reinvenções. A franquia também consolidou figuras queridas pelos fãs, como a repórter Gale Weathers (Courteney Cox) e o policial Dewey Riley (David Arquette), tornando o universo de Pânico um dos mais reconhecíveis do terror moderno.
Ghostface: o rosto que muda, mas nunca desaparece
O assassino de Pânico não é um único vilão, mas uma identidade, um disfarce que pode ser usado por qualquer um. Essa é a chave do sucesso da franquia: o mistério por trás da máscara é sempre novo. Ghostface é simultaneamente assustador e humano, violento e patético. Ele tropeça, erra, se machuca e é justamente essa imperfeição que o torna tão real.
Pânico é, no fim das contas, um espelho do próprio público: curioso, cínico e viciado em sustos. E enquanto houver quem atenda ao telefone, Ghostface continuará do outro lado da linha.