Nesta sexta-feira, 17 de outubro, a plataforma de streaming FILMICCA amplia seu catálogo com quatro filmes que cruzam eras, estilos e sensibilidades artísticas distintas. Assim, o público ganha uma seleção que une diferentes olhares sobre o medo, o desejo e a transformação. Entre clássicos e produções recentes, as obras mergulham em medos antigos e contemporâneos, exploram desejos sutis e discutem temas como corpo, identidade e pertencimento. Além disso, cada título convida o espectador a refletir sobre o que significa crescer — ou resistir — em um mundo em constante mudança. Dessa forma, é possível perceber que o cinema continua sendo uma poderosa forma de expressar as inquietações humanas. Vamos entender, então, por que cada um desses filmes merece atenção.

“Vampiro de Almas”: paranoia em preto e branco
Clássico absoluto da ficção científica, “Vampiro de Almas” (1956), de Don Siegel, é o destaque da semana. O longa se passa em uma cidadezinha da Califórnia, onde o médico Miles Bennell percebe algo assustador: seus pacientes acreditam que pessoas próximas foram substituídas por cópias sem emoção. Aos poucos, ele descobre que seres alienígenas tomam os corpos humanos enquanto dormem.
Mais que um filme de terror, é uma metáfora sobre o medo do outro e a perda da individualidade. Lançado em plena Guerra Fria, ele refletia o clima de desconfiança e conformismo da época. Hoje, continua atual — afinal, quem nunca se sentiu cercado por pessoas “sem alma” nas redes sociais?
“Quando Mulheres Matam”: um olhar humano sobre o crime
O documentário “Quando Mulheres Matam” (1983), dirigido pela vencedora do Oscar Lee Grant, investiga a vida de mulheres presas nos Estados Unidos. Em vez de julgá-las, o filme busca entender o que as levou ao limite. Com sensibilidade e coragem, Grant mostra histórias marcadas por violência, abandono e desigualdade.
O destaque fica por conta da entrevista com Leslie Van Houten, integrante da temida Família Manson. O resultado é um retrato profundo e político sobre o sistema prisional e o papel da mulher em uma sociedade que, muitas vezes, a empurra para o abismo.
“As Ilhas”: o desejo em forma de poesia
Direto da França, o curta “As Ilhas” (2017), de Yann Gonzalez, mergulha no universo dos sonhos e dos corpos em transe. É um filme ousado, que mistura erotismo e fantasia em imagens cheias de cor e movimento. Gonzalez cria uma experiência sensorial e poética sobre amor, desejo e identidade.
Premiado no Festival de Cannes, o curta confirma o diretor como um dos nomes mais originais do cinema queer atual. É uma obra para quem gosta de se deixar levar por sensações, sem precisar de respostas óbvias — apenas entrega e emoção.
“Casulo”: crescer nunca foi tão confuso e bonito
Fechando a seleção, “Casulo” (2020), da alemã Leonie Krippendorff, acompanha o verão de Nora, uma adolescente de 14 anos que começa a descobrir o mundo — e a si mesma. Entre amigos, paixões e inseguranças, ela vive um turbilhão de sentimentos.
O filme retrata o despertar do amor e da sexualidade de forma delicada e realista. Ambientado na vibrante Berlim contemporânea, ele fala sobre identidade, aceitação e liberdade. É uma história leve, mas cheia de significado, perfeita para quem já viveu (ou ainda vive) a intensidade da adolescência.
Quatro olhares, uma mesma força
Da ficção científica dos anos 1950 ao cinema queer do século XXI, a FILMICCA reúne histórias que questionam o mundo e ampliam a nossa visão sobre o ser humano. Cada filme, à sua maneira, fala de transformação — seja pelo medo, pela dor, pelo desejo ou pelo amor.
Essas obras lembram que o cinema é mais do que entretenimento: é espelho, choque e, acima de tudo, experiência. Então, se você busca filmes que provoquem e emocionem, pode dar o play sem medo.
Uma viagem por medos, desejos e descobertas
Os novos títulos da FILMICCA formam um mosaico fascinante da condição humana. Cada um, à sua maneira, revela algo essencial sobre nós: o medo de perder quem somos, a força das emoções reprimidas, o poder transformador do desejo e a beleza das descobertas da juventude. De Don Siegel a Leonie Krippendorff, passando por Lee Grant e Yann Gonzalez, a seleção mostra como o cinema pode atravessar décadas e ainda falar direto ao coração.
Esses filmes não apenas entretêm — eles convidam à reflexão, despertam memórias e provocam perguntas. Ao assisti-los, percebemos que, apesar das diferenças de época, língua ou gênero, seguimos buscando o mesmo: entender o que nos move e o que nos torna humanos. A FILMICCA acerta em cheio ao reunir obras tão diferentes, mas unidas por uma mesma vontade de emocionar e transformar.