Encerrada pela HBO no último domingo (14), IT: Bem-Vindos a Derry deixou claro que é apenas uma peça dentro de algo muito maior: o chamado Kingverso. O termo define o universo compartilhado criado por Stephen King, no qual livros, filmes e séries se conectam por personagens, lugares, eventos sobrenaturais e forças cósmicas que atravessam décadas e até dimensões.
Na série, essas conexões aparecem de forma direta, especialmente com IT, O Iluminado e outras obras centrais do autor. Para quem deseja mergulhar mais fundo nesse universo sem necessariamente recorrer aos livros (embora eles sejam altamente recomendados), existe uma ordem cronológica possível para acompanhar essas histórias nas adaptações audiovisuais.
A ordem cronológica das obras ligadas a IT: Bem-Vindos a Derry
Um Sonho de Liberdade (1947–1966)
A penitenciária de Shawshank, um dos cenários mais recorrentes do Kingverso, aparece de forma indireta em IT: Bem-Vindos a Derry. Na série, é possível ver um ônibus que segue para a prisão que serve de pano de fundo para a história de Andy Dufresne, condenado injustamente pelo assassinato de sua esposa e do amante dela.
IT: Bem-Vindos a Derry (1960)
A série da HBO Max altera a cronologia original dos livros e situa os eventos em um período mais avançado. Aqui, acompanhamos um dos ciclos de violência de Pennywise, a entidade que retorna a Derry a cada 27 anos para se alimentar do medo e da morte de crianças.
A Hora do Vampiro (1975)
Situada próxima a Derry, a cidade de Jerusalém (Jerusalem’s Lot) é tomada por vampiros cuja origem está ligada à mesma força maligna que alimenta Pennywise. A obra reforça a ideia de que o mal no universo de King é antigo, recorrente e compartilhado.
O Iluminado (1980)
Após sobreviver aos eventos de IT: Bem-Vindos a Derry, Dick Hallorann tenta usar seus dons sobrenaturais para o bem. Em O Iluminado, ele se torna mentor de Danny Torrance, com quem compartilha o “brilho”: a capacidade de se comunicar com mortos e acessar dimensões além da realidade.
Doutor Sono (1981–2011)
Sequência direta de O Iluminado, acompanha Danny Torrance já adulto, lutando contra seus traumas e tentando fugir de seus poderes. A trama o força a aceitar sua natureza quando a vida de uma jovem com habilidades semelhantes passa a depender dele.
IT: Capítulo Um (1988)
Vinte e sete anos após os eventos de Bem-Vindos a Derry, Pennywise retorna. O filme acompanha o primeiro embate do Clube dos Perdedores com a criatura, em uma tentativa quase bem-sucedida de destruí-la.
IT: Capítulo Dois (2017)
Anos depois da suposta derrota do vilão, os membros do Clube dos Perdedores deixaram Derry e esqueceram o passado. Uma nova onda de mortes, porém, os obriga a retornar e enfrentar definitivamente o horror que os marcou na infância.
O Nevoeiro (2017)
Após um experimento militar, uma névoa toma conta de uma cidade americana, escondendo criaturas letais. Esses seres vêm do Todash, o espaço entre dimensões que também está diretamente ligado à origem de Pennywise, reforçando a conexão cósmica do mal no Kingverso.
O Kingverso nas telas é diferente dos livros
É importante destacar que o Kingverso audiovisual não segue exatamente a mesma lógica dos livros. Muitas adaptações não foram pensadas como parte de um universo compartilhado e alteraram cronologias, eventos e finais. Nos romances, por exemplo, IT se inicia no final dos anos 1950, não nos anos 1960 como na série.
Ainda assim, as conexões permanecem visíveis, especialmente quando observamos cidades recorrentes, personagens que atravessam histórias e a origem comum das forças sobrenaturais.
Tudo se conecta à Torre Negra
No centro de tudo está A Torre Negra, o épico de fantasia de Stephen King que funciona como o eixo do multiverso do autor. É ali que todas as realidades, linhas do tempo e dimensões se cruzam. Mesmo histórias aparentemente isoladas, como IT, O Iluminado ou A Hora do Vampiro, possuem vínculos diretos ou simbólicos com a Torre.
A adaptação cinematográfica de A Torre Negra, lançada em 2017 e estrelada por Idris Elba e Matthew McConaughey, acabou ignorando grande parte dessas conexões, além de alterar elementos centrais da narrativa. Ainda assim, o conceito permanece essencial para compreender a amplitude do Kingverso.