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O Abutre: A arquitetura da tragédia em prol da ascensão jornalística

Não há nada a se temer quando a fome e o desemprego batem à porta. A promessa de uma vida melhor, portanto, soa como um sonho americano, levando as nuances de um mundo diferenciado. O Abutre “Nightcrawler” (2014), consequentemente, aborda bem a perspectiva da descoberta de uma nova profissão, retratando Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) em sua busca por um emprego formal, ocasionalmente sendo levado ao submundo do jornalismo criminal independente de Los Angeles. Analisando toda essa perspectiva que parece ecoar já em 2014, ano de sua estreia, a questão que perdura em 2024 parece bastante pertinente, questionando aos amantes desse tipo de obra: Realmente vale a pena ver agora?

Marcando a estreia brilhante de Dan Gilroy na direção, acompanhar a performance de tirar o fôlego de Jake Gyllenhaal é se deliciar com o incômodo, observando lentamente enquanto o filme constrói uma narrativa tensa e inquietante sobre ambição desenfreada, ética e os limites da moralidade.

Jake Gyllenhaal encarna Lou Bloom, um oportunista desesperado que encontra no jornalismo policial independente uma chance de ganhar dinheiro e se destacar. Com uma câmera na mão e nenhuma hesitação em cruzar linhas éticas, Lou logo percebe que o sucesso não exige apenas trabalho duro, mas também a capacidade de explorar a tragédia alheia.

A transformação física de Gyllenhaal é um espetáculo: com cerca de dez quilos a menos, o ator entrega um personagem que parece constantemente faminto — não só por comida, mas por poder e relevância. É um retrato perfeito do título original, Nightcrawler, um predador noturno que se alimenta do sofrimento humano para subir na vida. Assim, ver seus olhos frios e distantes mostra somente como tal profissão só acentuou algo que já parecia ecoar ali.

Rene Russo, como Nina, a editora de um telejornal sensacionalista, também brilha. Sua personagem é complexa e oportunista, refletindo o lado sombrio da mídia que consome o material visceral que Lou produz. A química entre Russo e Gyllenhaal é tensa e eletrizante, especialmente nas cenas que questionam o preço da audiência. Seja os valores éticos e morais plenamente descartáveis em certos pontos, ambos corroboram a ascenção e degradação do proganista.

A direção de Dan Gilroy é precisa e envolvente, equilibrando momentos de suspense sufocante com uma crítica social afiada. Assim, o roteiro é corajoso e explora os meandros do jornalismo “mundo cão” sem poupar ninguém, nem mesmo o espectador, que se vê confrontado com as próprias indulgências ao consumir esse tipo de conteúdo. A indiferença, consequentemente, parece ecoar entre os olhos de todos que participam e se envolvem, levando o protagonista a atitudes cruéis e completamente frias, mostrando a capacidade da dessensibilização mediante constante conteúdo sangrento e violento.

Com uma narrativa envolvente, atuações impecáveis e um tom sombrio que combina perfeitamente com a trama, O Abutre não é apenas um filme, mas um convite à reflexão sobre os limites da ambição e o impacto da exploração midiática. Gyllenhaal entrega uma performance digna de prêmios e Gilroy prova que é um nome para se prestar atenção no futuro. Assim, presente e passado se entrelaçam, revelando aspectos negativos e sem parâmetros para o que é notícia e o que é informação, mostrando a essencialidade de assistir a um filme que parece sobreviver ao tempo e ao envelhecimento do conteúdo, trazendo consigo reflexão e lições.

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