Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada trata-se do livro de Carolina Maria de Jesus, uma mulher negra, catadora de papel que vivia em São Paulo. A publicação se origina a partir de seu diário, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, com três filhos.
Carolina Maria de Jesus alcançou o posto de primeira autora negra do Brasil a obter prestígio global, visto que sua obra de estreia, “Quarto de Despejo: diário de uma favelada”, ganhou versões em línguas estrangeiras. Surpreendentemente, ela conquistou esse feito literário mesmo tendo frequentado a escola apenas até o terceiro ano do ensino básico.

Lançada em 1960 com o auxílio do jornalista Audálio Dantas, a obra alcançou um sucesso estrondoso, vendendo milhares de exemplares em poucos dias e ganhando traduções para mais de treze idiomas. Por meio de sua escrita direta e pungente, Carolina denunciou as desigualdades do Brasil, expondo a “sala de visitas” (a cidade) e o “quarto de despejo” (a favela).
Veja abaixo algumas das escritas de Carolina Maria de Jesus:
“A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer.”
“Eu classifico São Paulo assim: o Palácio é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos.”
“Quando eu não tinha nada o que comer, em vez de xingar eu escrevia.”
“O Brasil precisa ser dirigido por alguém que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no próximo e nas crianças.”
Adaptação para o cinema
Maria Gal protagonizará a trajetória de Carolina Maria de Jesus, no filme que retratará a vida da escritora na favela do Canindé, em São Paulo, durante o final da década de 50. Além da protagonista, o elenco reúne talentos como Raphael Logam, Clayton Nascimento, Liza Del Dala e Fabio Assunção.

Ademais, a produção conta com as atuações de Carla Cristina, Ju Colombo, Jack Berraquero, Alan Rocha e Thawan Lucas. Dessa forma, o projeto revive o cotidiano registrado por Carolina entre 1955 e 1960, trazendo para a tela a potência de sua obra literária.
Veja mais sobre o filme e leia uma entrevista de Maria Gal (Maria Carolina de Jesus no longa) concedida ao Gshow aqui.
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