É possível perdoar o jogo pelos seus defeitos, mas é inegável dizer que ele tem muitas fraquezas
Anunciado a princípio para o segundo semestre de 2024, o ARPG Ai Limit lançará oficialmente nesta quinta-feira, 27, para as plataformas PlayStation 5 e Microsoft Windows, este via Steam e Epic Games. Apesar de desempenhar bem o papel de ser um bom Soulslike para quem está conhecendo o gênero, o jogo não é desafiador o bastante para aqueles que já estão acostumados com nomes como Lies of P (2024) e a própria franquia Soulsborne, da FromSoftware.

Sinopse (via autora): Assumindo o papel de Arrisa, uma forma de vida avançada e imortal conhecida como Blader, o jogador deverá explorar a última cidade da humanidade, Havenswell, onde a heroína precisará encontrar e restaurar ramos de cristais para salvar a civilização da extinção.
Desenvolvido pela Sense Games e distribuído pela publisher CE-Asia, Ai Limit demonstra logo no início elementos bons e ruins. Durante a progressão da história, diversas lutas tomam lugar em ambientes estreitos, todavia, diferente da trilogia Dark Souls (2011 – 2016), as armas de Arrisa não ricocheteiam nas paredes, o que torna a experiência geral menos frustrante. Além disso, alguns conceitos de Sekiro: Shadows Die Twice (2019) são adotados, como a ausência de stamina, a perda percentual de cristais ao morrer e um menu que pausa completamente o jogo.
Algo a destacar-se é a interessante mecânica Sync Rate, uma barra que aumenta conforme o jogador causa dano e que diminui quando feitiços são usados ou a protagonista é atingida — ou seja, quanto maior o indicador numérico, mais poderoso o ataque, sendo o contrário igualmente verdadeiro.
Em contrapartida, o título chinês deixou a desejar principalmente na dificuldade das bossfights. A curva de aprendizado é alta e rápida demais, tornando o combate nem um pouco recompensador. O sentimento de “git gud” simplesmente não existe ao longo da gameplay, exceto em duas lutas, sendo Hunter of Bladers uma delas. A inimiga de cabelos longos cor de rosa tem movesets parecidos com os de Lady Maria, de Bloodborne (2015), exprimindo uma óbvia referência e genialidade. Ainda, a sua trilha sonora, que escala de acordo com o clímax da bossfight, é a única verdadeiramente marcante.

Dois outros pontos negativos são os checkpoints e a iluminação. Em relação ao primeiro, quando iniciado, o jogo continua a partir do último ramo de cristal, conhecido popularmente como ‘bonfire‘, e não de onde o jogador parou exatamente, contrariando os demais Soulslike. Quanto ao segundo, determinados mapas são exageradamente escuros, sendo necessário andar próximo às paredes a fim de enxergar o caminho, visto que, infelizmente, não existem tochas ou lanternas, tampouco a opção de regular o brilho nas configurações.
Por sua vez, a qualidade mais forte de Ai Limit é, sem dúvida, o Fashion Souls. O termo nasceu em Demon’s Souls (2009) e prioriza a estética em vez dos status do equipamento. A Blader Arrisa tem um leque de visuais atraentes relativamente variado que, surpreendentemente, proporciona bons atributos. A maioria está disponível em lojas específicas espalhadas por Havenswell.




Quanto à ambientação, ela não é tão bem trabalhada e apresenta constantemente cores monótonas, com exceção de alguns lugares que ainda assim conseguem ser inferiores a Genshin Impact (2020). O título também aborda a temática de mundo destruído e abandonado, como Stellar Blade (2024) e NieR:Automata (2017), contudo, ao contrário deles, não é tão bem aplicada na narrativa.
Em suma, Ai Limit está ligeiramente acima de Code Vein (2019), mas significativamente abaixo das aventuras de Pinóquio. O jogo traz uma mecânica nova ao gênero, entretanto, ela não é suficiente para compensar a pequena diversidade de armas, a falta de necessidade de superar a si mesmo e as irrelevantes original soundtracks.