Checkpoint é uma coluna quinzenal onde são debatidos aspectos relevantes dos jogos. Esta quinzena temos o debate sobre a necessidade das franquias chegarem a um fim.
Essa semana ocorreu o lançamento do novo Civilization, o sétimo jogo da franquia chegou com opiniões divididas sobre sua qualidade. Grande parte dos jogadores que são fãs de longa data da franquia detestaram o jogo, enquanto diversos outros novos ou mesmo jogadores casuais tiveram grande apreço pelo novo jogo. Fato é que as opiniões da comunidade foram divididas e todos imbróglios ocorridos me trouxeram à seguinte conclusão: há momentos que é preciso dar um fim à franquia.
Franquias infindáveis
Não é novidade no mundo dos jogos termos franquias que possuem diversos jogos, entre elas as de mais destaque em relação ao número de jogos são Assassin’s Creed e Call of Duty, com cada um desses possuindo mais de 10 jogos. Além deles há outros títulos que também são relevantes apesar de um número um pouco menor de jogos, franquias como Battlefield, Halo, Civilization e Diablo são exemplos.
Porém nem todos estes citados são iguais em suas características. Há franquias que possuem mudanças significativas de um jogo para o outro, como Diablo, onde cada jogo é uma nova experiência. Enquanto isso, há jogos que reformulam um pouco sua jogabilidade, mas a temática e proposta geral continuam a mesma como Battlefield e Call of Duty. Porém há jogos mais problemáticos, onde sua base está tão bem definida que qualquer mudança um pouco significativa cria uma rejeição enorme, como é caso de Civilization VII.
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O caso de Civ é o pior pelo fato de pertencer a um gênero nichado, logo a grande parte dos jogadores é fã de longa data do gênero e da franquia. Conseguir novos jogadores neste gênero não é uma tarefa fácil, leva-los a ser fã da franquia como um todo é mais difícil. Logo, a empresa se torna refém dos jogadores que a acompanha a décadas, isto tem um lado bom e ruim, infelizmente o ruim se sobressaiu neste último episódio da novela.
Fãs de longa data
Obviamente que é o sonho de qualquer estúdio construir uma base de fãs que acompanha os jogos e as franquias ao longo do tempo. Esses jogadores, ao se sentirem parte da história da empresa e de seus jogos, sentem que são importantes e que sua opinião é de extrema relevância para o devido prosseguimento da franquia. O estúdio se torna, de certo modo, refém de seus fãs, precisando agradá-los da melhor forma possível. O problema é que esses jogadores são pessoas, sendo assim diferentes entre si, logo é impossível agradar a todos com as decisões de desenvolvimento que são tomadas.
Outro agravante é que, na visão dos jogadores, todas mecânicas que são consideradas boas tem que ser mantidas e as ruins retiradas no novo jogo da franquia. Mas, eles também exigem mudanças significativas, sendo elas não somente gráficas, mas mecânicas, o novo é necessário mas não demais para descaracterizar a história construída até então.
No final a equação é a seguinte: mantenha o que deu certo, mude o que deu errado, adicione coisas novas, melhore o gráfico, mas cuidado para não mudar demais e estragar. E essa conta fica cada vez mais difícil conforme a franquia avança no tempo e lança novos títulos, as comparações são infindáveis e nunca está bom para os jogadores. As mudanças quase sempre não são bem aceitas, o que torna extremamente difícil cuidar desse produto.
O que fazer então?
Antes de mais nada, não estou defendendo o Civilization VII como um bom jogo ou algo do tipo, não está sendo feito nenhum juízo de gosto em relação a obra. A análise aqui é da situação em que a Firaxis Games se encontra.
Ao meu ver, o estúdio está de mãos atadas perante a base de jogadores. Qualquer movimento precisa ser extremamente pensado e qualquer movimento brusco desmorona tudo que demorou anos a ser construído. A solução aparente e que invariavelmente fará bem para todos é: deixe a franquia acabar. O fim para franquias é importante na medida que já foi explorado o ápice e a proposta como um todo. Um estúdio incrível como Firaxis Games tem “muita lenha para queimar” em outras IPs, mesmo que elas sejam do gênero 4x. Mudanças fazem bem para todos, engessar em um cenário e proposta por tanto tempo assim faz mal para todos, seja para os jogadores, para os desenvolvedores ou para o próprio gênero.
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